Um rapaz, muito amigo meu, muito bonito e assediado pelas moças e até por homens, comentava sobre a desvantagem de ser bonito demais. A moça de rosto lindíssimo, dizia a mesma coisa. Não sabe quem se aproxima dela por interesses sexuais e quem por amizades.
Tem dificuldades de se relacionar com as mulheres que a encaram como um perigo diante dos seus homens, e de se relacionar com os homens, porque para eles ela vira um troféu.
Conheço centenas de rapazes e moças que dizem a mesma coisa. Nem sempre é vantajoso ser muito bonito, muito famoso ou muito rico. Tudo aquilo que contém muito, sugere tendência de conflito: muita terra, muito doce, muita conversa, muita religião, muita política, muita beleza; isso tudo assusta.
O mundo não está acostumado com excessos e qualquer excesso, positivo ou negativo desequilibra as pessoas. Por isso, aquele que é bonito e aquela que tem beleza extraordinária, precisam aprender a viver com o seu mito, e compensar com seu jeito sereno e tranqüilo de ser, pelos conflitos ou confusões que podem gerar, com sua simples presença. Todo mundo quer ser bonito, mas os que realmente o são, tem uma história para contar, e nem sempre a história é de sucesso e de paz.
É que o mundo quer o seu totem, e todo mundo quer ter a sua jóia preciosa, às vezes guardada num cofre. O sentimento de propriedade que se apossa das pessoas que amam alguém bonito, ou das pessoas que querem alguém bonito, ás vezes leva ao desrespeito. Não custa nada uma reflexão sobre os valores e os contravalores da beleza. Ser bonito não é tudo. Fundamental mesmo é ser inteligente, sereno e bom.
Se a beleza ajudar, que seja bem tratada; se não ajudar que os bonitos saibam o que fazer com sua beleza, porque ela já levou muita gente para o céu, mas também já levou muita gente para o inferno. É que automóveis bonitos e revólveres bonitos também matam e ferem. Que Deus conceda a todas as pessoas bonitas a graça de fazer bom uso da sua beleza e nunca ser atropeladas ou atropelar por causa dela.