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Jesus é o único Senhor da sua vida?

Na Bíblia, encontramos a história de duas pessoas que se viram diante da maravilhosa oportunidade de receberem o Reino de Deus e seguirem a Jesus. O primeiro caso está no Evangelho de São Lucas, na passagem em que é relatada a pesca milagrosa. Trata-se de Pedro:

“Ora, um dia, a multidão comprimia Jesus para ouvir a palavra de Deus; Ele estava à beira do lago de Genesaré. Viu dois barcos que se achavam à beira do lago; os pescadores que haviam desembarcado lavavam as suas redes. Ele subiu a uma das barcas, que pertencia a Simão, e pediu a esse que deixasse a praia e se afastasse um pouco; depois, Ele se assentou no barco e ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo; lançai as vossas redes para apanhar peixe”. Simão respondeu: ‘Mestre, nós trabalhamos a noite inteira sem nada pegar; mas confiando em Tua palavra, eu vou lançar as redes’.

Eles o fizeram e capturaram uma grande quantidade de peixes; as suas redes se rompiam. Fizeram sinal aos seus companheiros do outro barco para que viessem ajudá-los; esses vieram e eles encheram os dois barcos, a ponto de quase submergirem. Vendo isso, Simão Pedro caiu aos joelhos de Jesus, dizendo: ‘Senhor, afasta-Te de mim, pois eu sou um homem culpável’. É que o pavor o havia tomado, a ele e a todos os que estavam com ele, perante a quantidade de peixes que pescaram; do mesmo modo, Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram os companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: ‘Não temas, doravante serás pescador de homens’. Trazendo, então, os barcos para a terra, deixando tudo, eles O seguiram” (Lc 5,1-11).

Jesus é o único senhor da sua vida?

Foto ilustrativa: Suze777 by Getty Images

Os efeitos da pregação de Jesus

Vamos aprofundar nessa situação: em primeiro lugar, preste atenção: Pedro também estava entre aqueles que ouviam a pregação de Jesus. Sua Palavra já o tinha atingido. É de Jesus mesmo que Pedro escuta: “Pedro, vai e pesca de novo! Lança tua rede”.

Não podemos esquecer: Jesus estava falando com um pescador que havia tentado pescar a noite inteira; além do mais, era bom pescador: sabia, por experiência, que era tolice voltar a pescar. Por isso Pedro retruca, mas confia: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira sem nada pegar; mas, confiando em tua palavra, eu vou lançar as redes”. Preste atenção: Pedro lança as redes por causa da palavra de Jesus. Confiou na palavra de Jesus e recebeu, por recompensa, a maior pescaria de toda sua vida.

Era tanto peixe que encheram os dois barcos e quase submergiram! Pedro ficou assustadíssimo! Tiago e João também ficaram com medo; mas Jesus diz: “Não temas, doravante serás pescador de homens”.

Depois disso, trouxeram o barco para a terra. Deixaram tudo e seguiram a Jesus. Aqui, não podemos perder um “pequeno-grande” detalhe: o que deixaram? O barco, as redes e até os peixes. Eles tiveram de deixar os peixes da maior pescaria que fizeram em toda a vida!

Deixaram tudo: barcos, redes e aquela fantástica quantidade de peixes. Para quê? Para seguir a Jesus.

O exemplo do ‘notável’

Há uma outra história, ou melhor, uma outra pessoa, no mesmo Evangelho de São Lucas, que vive exatamente o inverso do que aconteceu com Pedro; era um notável:

“Um notável interrogou Jesus: “Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar em herança a vida eterna?”. Jesus lhe disse: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom senão só Deus. Conheces os mandamentos: não cometerás adultério, não cometerás homicídio, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe”. Ele respondeu: “Tudo isso eu o tenho observado desde a minha juventude”. Tendo-o ouvido, Jesus lhe disse: “Uma coisa ainda te resta fazer: vende tudo o que tens, distribui aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me”. Ao ouvir isso, o homem ficou muito triste, pois era muito rico” (Lc 18,18-23).

Esse notável esteve frente a frente com Jesus; recebeu o convite para segui-Lo, mas por ser “muito rico”, “ficou muito triste” e não O seguiu. Seus bens “falaram mais alto”. É exatamente aí, nesse ponto, que queremos nos defrontar com esses dois homens.

Pedro, após o convite de Jesus, poderia ter dito: “E os peixes que acabei de pescar? Eu vivo disso; é o meu sustento, é com isso que eu sustento minha família”. Mas não o fez! Deixou o seu barco, suas redes e aquela imensa quantidade de peixes. Pedro entendeu que era preciso deixar tudo!

E quanto ao notável? A trajetória de sua vida mudou, por causa de seu apego aos seus bens. Apesar de já estar cumprindo todos os mandamentos, lhe faltava o essencial.

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Investir a vida no Reino de Deus e abrir mão de tudo

Pedro começou, naquele momento, o aprendizado que o acompanhou por toda a vida: deixar tudo. Ele compreendeu que precisaria viver tendo como única riqueza, o Senhor. Começou a entender o que o notável não entendeu: não é possível abraçar o Reino de Deus sem ter de deixar tudo. E é bom lembrar: os dois foram tocados naquilo que lhes eram muito importantes: o primeiro, uma grande pescaria; o outro, seus bens.

O notável era “um rico”. Tinha tudo. Era cumpridor dos mandamento; mas faltava o mais importante: vender o que tinha e distribuir aos pobres para ter um tesouro no Céu; e, então, segui-Lo. Jesus tocou no que, para ele, era o mais caro.

É preciso deixar tudo para investir a vida no Reino de Deus. Nossa reflexão caminha exatamente nesta direção: o que Deus pede que deixemos? O que nos impede de sermos exclusivamente d’Ele? Em qual dessas duas situações, hoje, você se coloca? Você é como Simão Pedro que está disposto a deixar o seu barco, suas redes, seus peixes e seguir Jesus? Ou, talvez, você se sinta um notável? Fica triste porque é muito rico: apegado aquilo que tem?

A tristeza do notável foi a tristeza de sentir-se tão apegado às próprias coisas, a ponto de não ser capaz de seguir Jesus. Boas intenções não nos levam a lugar nenhum, se não somos capazes de tomar uma decisão. Esse notável esperava tudo, menos que Jesus tocasse nos seus bens. Mas foi justamente nisso que Ele tocou.

Pobres ou ricos materialmente nos agarramos ao que temos. O Reino de Deus precisa de homens e mulheres que estejam dispostos a deixar tudo para seguir a Jesus. Pedro deixou o que tinha para aprender a investir tudo no Reino dos Céus. O notável precisava deixar as suas riquezas, mas não o fez.

Não tenha medo de dar muito! O que está em jogo é o Reino de Deus e Sua Palavra. Um, foi capaz de investir tudo, a começar dos próprios bens; o outro, saiu triste. Sabemos o que aconteceu com Pedro. Mas o que será que aconteceu com aquele pobre coitado que saiu triste, porque era muito rico? Será que ele se encontrou outra vez com Jesus? Será que ele foi feliz? Será que aquela tristeza passou? Ou ele viveu o resto da vida triste, pensando: “Eu tive a chance de me desfazer de tudo para ganhar justamente o que eu estava procurando, e não o fiz”. A tristeza dele seria a de ter compreendido que, por causa da sua riqueza, ele perdeu a herança eterna que havia pedido a Jesus.

Siga o exemplo de Pedro

Faltam pessoas como Pedro: dispostas a investir os seus bens para a implantação desse Reino. São pessoas que sabem que podem não estarem vivas amanhã; e de que serviriam as coisas que possuem? De que serviria o dinheiro, seja ele muito ou pouco, se Deus nos ensina que é preciso abrir mão disso também? E não é somente “abrir mão”, é investir no reino de Deus.

Sei que você quer seguir a Jesus Cristo. Mas é impossível segui-Lo sem ter de deixar tudo. Talvez, precisemos começar com as coisas que temos, para depois deixar o que é mais difícil: nosso orgulho, preconceitos, as próprias idéias, as pessoas; deixar a nós mesmos. Pedro começou esse aprendizado que foi até morrer por Jesus: ele não tinha mais nada, a não ser o próprio Senhor. Esse aprendizado é para todos, e também para aqueles que não têm bens para deixar.

Neste “deixar tudo” está incluída a primeira condição para seguir Jesus; renunciar-se a si mesmo. Essa é a coisa mais difícil, tanto para os ricos como para os pobres. Renunciar a si mesmo é renunciar às próprias ideias, aos próprios pontos de vista, às opiniões pessoais. É saber perder por causa do Reino. É deixar que os outros cresçam e eu diminua. É aceitar que os outros têm uma ideia melhor do que a minha. Que a proposta do outro, talvez, não seja melhor do que a minha, mas é a que vai levar à unidade e, por isso, vai render mais no Reino. É preciso deixar tudo, até a si mesmo para receber a bem-aventurança que Pedro ouviu da boca de Jesus: “Não temas, doravante serás pescador de homens”. Seremos esses pescadores de homens.

Outra realidade que a Bíblia denuncia é esta: quem se apega às coisas se entristece. Os que são apegados às suas riquezas são preocupados demais com o que possuem, vivem apreensivos com o dia de amanhã, com seus negócios e, por isso, são tristes. Não precisamos ter muito para que isso aconteça. Mesmo o apego às pequenas coisas nos entristece. Já sabemos a razão: ele nos rouba a alegria e a felicidade de sermos exclusivamente do Senhor.

Infelizmente, são poucos os que, como Simão, deixam a grande pescaria. Até os peixes ele deixou! Para quê? Para que Jesus fosse o único Senhor… O tudo da sua vida.

Texto retirado do livro “Providência Divina – Considerai Como Crescem os Lírios!“, de Monsenhor Jonas Abib.

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