Namoro em Deus: é possível?

Paulo: Começo dizendo que Deus ouve nossas orações e atende no SEU tempo oportuno.

Sempre quando rezava no meu rosário, ou nas adorações, eu intercedia por aquela que seria minha futura esposa. Rezava principalmente por sua cura interior, para que Deus a fosse preparando também e queria encontrá-la em adoração ao Santíssimo Sacramento.

No dia 13 de junho de 2000, pedi a Santo Antonio que intercedesse pela concretização do meu estado de vida e dei-lhe um prazo de um ano. Nessa época eu estava na missão Canção Nova de Portugal.

Em maio de 2001, entrei em férias e fui para o Brasil. Entre outros lugares, eu quis passar alguns dias em nossa casa de formação em Queluz. Eu havia escrito uma carta pessoal para entregar ao Conselho da Canção Nova (os membros superiores que se reúnem para tomar as decisões) e fui ao escritório entregar ao Padre Jonas. Como ele não estava, era para entregar a Noeli para ser encaminhado. Não a encontrando, passei na Capela. Quando cheguei lá, a Noeli estava em adoração no Cerco de Jericó. Entreguei a carta e fui para Queluz. Minha estada em Queluz foi uma retomada profunda de cura e libertação sentia-me novo.

Na consagração da Conceição (uma irmã de comunidade), a Noeli apareceu vestida de Maria para entregar-lhe as alianças e enquanto ia subindo para o altar, naquela missa, senti uma voz me dizendo: “já até vesti de Maria o que te falta”, e aquela voz mexeu comigo. Alguns dias depois, em casa de meus pais, eles comentaram sobre a Noeli, sem mais nem menos. Algo mexeu comigo novamente. Também em Cachoeira Paulista, sempre alguém comentava algo ou realmente falava sobre a Noeli sem mesmo eu perguntar. Comecei a pedir a Deus, que esclarecesse para mim o que estava acontecendo e Ele foi lembrando-me de antigas orações feitas para minha Maria.

Eu havia pedido, para que fosse uma pessoa simples e comunicativa, simpática, que gostasse de crianças, que vivesse de maneira intensa a vida comunitária, que a encontrasse em adoração e que o sentimento brotasse primeiro em mim; que eu a reconhecesse pelo coração e que eu sentisse a certeza sem restrições de que era ela. Acredito que todo homem sabe e sente quando é aquela mesmo.

Quando comecei a ligar os pontos e fui observando a Noeli, percebi que era ela a tão esperada. Percebi isso, exatamente no dia 12 de junho: estava completando o prazo que eu havia dado a Santo Antonio.

No dia seguinte, a Luzia chamou-me para conversar e com toda a liberdade de filho, contei-lhe que já havia encontrado alguém. Falei da Noeli e ela incentivou-me a procurá-la e contar-lhe tudo.

Aí é que foi o passo mais difícil, porque tudo era novo e de maneira totalmente diferente do que idealizei na minha vida. Uma experiência desta, levava-me a ter uma fé em Deus e não na razão.

Procurei-a no dia seguinte (dia de Corpus Christi), onde ela estava trabalhando.

Noeli – Quando ele perguntou-me se podíamos conversar, eu disse que sim. Fiquei admirada, quando no final do dia na conversa, ele foi logo dizendo que estava interessado em mim. Pedi para ele explicar e enquanto ele ia falando, fui percebendo que Deus estava em tudo. E eu já estava na expectativa de que Deus iria colocar alguém na minha vida, porque fazia algum tempo que Deus vinha confirmando meu estado de vida, porque eu estava recebendo oração de cura interior na minha afetividade.

Deus me pedia para eu cultivar a beleza interior, assim como Nossa Senhora. Eu ficava me perguntando como aconteceria tudo isso com relação ao meu José, porque eu olhava para os rapazes da comunidade e não percebia ninguém. Eu disse também ao Paulo, que jamais havia pensado nele, porque convivemos quase nada por ele estar na missão de Portugal. Mas, se Deus realmente tinha planos para nós (era isso que indicava os fatos), isso precisava tomar forma, através da oração e da nossa aproximação. A convicção que o Paulo tinha sobre mim, me deu segurança.

Como não nos conhecíamos, não havia o gostar um do outro, mas havia a certeza dos fatos , dos sinais e a forma como eles estavam acontecendo. Era um passo na fé para nós dois.

Na semana seguinte, o Paulo pode conversar com o Padre Jonas, a Luzia e o Eto (nossos superiores). E o padre Jonas disse para começarmos um caminho de namoro. (Um tempo de aproximação para conhecimento um do outro, mas ainda não há beijos, abraços e nem andar de mãos dadas. Na comunidade há esse tempo importante antes do namoro).

Fomos então nos conhecendo, através de muita conversa e oração juntos. Poucos dias depois, suas férias acabaram e antes dele voltar à Portugal, percebemos que estávamos começando a gostar um do outro. Como ele estava longe, usávamos e-mails para nos comunicar e pouco o telefone. Fomos percebendo o quanto crescemos na vivência do carisma Canção Nova e a comunidade também sentia isso.

Dois meses depois, o Paulo precisou retornar ao Brasil de maneira inesperada por apenas alguns dias. E agora mais do que gostar um do outro, o que sentíamos era amor. Ele ficou apenas quatro dias no Brasil, mas já foi o suficiente para Deus continuar agindo. Entre outras coisas, o padre Jonas chamou-nos para conversar e perguntou qual o grau de maturidade em que estávamos no caminho de namoro. Contamos um após outro, e ele autorizou o nosso namoro. Foi uma surpresa enorme para nós. Estávamos felizes, mas ao mesmo tempo, anestesiados.

Consagramos o nosso namoro à N. Sra de Fátima, e como estava acontecendo a Adoração ao Santíssimo (Jesus Sacramentado novamente) naquele acampamento do dia 07 de setembro, fomos lá agradecer ao Senhor. Nos consagramos a Ele e pudemos experimentar em sua presença, o que é um beijo santo (sem a sedução e segundas intenções que o mundo ensina). Ao final da adoração, o sentimento que tínhamos era de responsabilidade pelo que Deus estava nos confiando com o namoro: nosso testemunho de santidade x castidade.

Começamos a namorar na sexta, dia 07 de setembro de 2001, e no domingo dia 09, ele já retornou à Portugal. Ficamos cinco meses distantes um do outro, mas pudemos experimentar nesse tempo a alegria de namorarmos a três: eu, Paulo e Jesus Sacramentado e foi um tempo rico porque a mão de Nossa Senhora nos conduzia também. Nossos sentimentos cresciam e nosso amor criou têmpera por causa da distância. Após cinco meses, o Paulo voltou remanejado para o Brasil e desde fevereiro deste ano, ele está em Queluz, na casa de formação da comunidade. Portanto, ainda não estamos na mesma missão, mas todas as vezes que nos encontramos, valorizamos esses momentos, conversando muito e rezando juntos. Nos respeitamos e somos responsáveis um pelo outro. Conseguimos reconhecer que somos a ajuda adequada um para o outro e percebemos o quanto nos completamos.

Tudo isso é graça de Deus e nós não somos a exceção. Somos a regra, ou seja: Deus quer estar a frente na concretização do estado de vida de todas as pessoas. Ele quer conduzir porque faz tudo com perfeição e na hora certa. E para sermos fiéis no casamento, é preciso a fidelidade hoje em tudo: ser casto hoje, ser santo hoje, ser comprometido hoje… e haverão frutos para colher amanhã.

Contamos com sua oração e queremos rezar por você também.