“A conduta das três pessoas da Santíssima Trindade, na encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e este procedimento há de perdurar até a consumação dos séculos, na última vinda de Cristo.
Deus Pai ajuntou todas as águas e as denominou-as mar, reuniu todas as suas Graças e chamou-as Maria. Este grande Deus tem um tesouro, um depósito riquíssimo, onde encerrou tudo o que há de belo, brilhante, raro e precioso, até seu próprio Filho, e este tesouro imenso é Maria, que os Anjos chamam “o Tesouro do Senhor”, e de cuja plenitude os homens se enriquecem.
Deus Filho comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo o que seu Pai lhe deu em herança, é por ela o canal misterioso, o aqueduto, pelo qual passam abundante e docemente suas misericórdias.
Deus Espírito Santo comunicou à Maria, sua fiel esposa, seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que Ele possui. Deste modo ela distribui seus Dons e suas Graças a quem quer, quanto quer, como quer e quando quer, e dom nenhum é concedido aos homens que não passe por suas mãos virginais.
Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo, aquela que, em toda sua vida, quis ser pobre, humilde e escondida até ao nada.”
São Luís Maria Montfort
Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem (22-25)