Todos nós, com certeza, já tivemos a grata experiência de ganhar um presente. Mas, o que acontece, de fato, numa situação dessa? Em primeiro lugar, poderíamos dizer que o presente é algo que (exceto algumas vezes) não escolhemos nem merecemos. Ele surge da gratuidade e benevolência do doador que, por vários motivos, é levado a dar um presente a alguém querido e amado. Assim, o presente é um dom, isto é, sinal de um amor gratuito e benevolente. Em segundo lugar, muitas vezes o presente encerra um aspecto misterioso e de surpresa para aquele que vai recebê-lo. Aí está uma das funções das embalagens: criar a sensação de mistério que deixa entrever que o presente é muito mais do que aquilo que parece ou, em outras palavras, que o presente mesmo ultrapassa a sua aparência externa, a sua embalagem. Ser mãe também abrange estas duas facetas: dom e mistério.
A maternidade é um dom de Deus. Antes de tudo, um dom de Deus à mulher: pela maternidade, esta participa de modo singular e especial do poder gerador de Deus. Torna-se sacramento da paternidade de Deus, manifestando ao mundo que Deus é Pai e doador de toda vida. Ser mãe também é um dom de Deus ao marido: somente através da maternidade da esposa o homem pode realizar de fato a sua paternidade e vice-versa. Cada um é um dom de Deus para o outro. Deus que concede à esposa ser mãe, concede ao esposo ser pai. Paternidade e maternidade humanas são uma única participação na eterna atividade geradora do Pai. E, por fim, ser mãe é um dom de Deus para o filho: ela é que, pelo poder de Deus e em comunhão de amor com o seu esposo, lhe concede a vida. O dom da vida humana sempre passa pelo sagrado ventre de uma mãe!
A maternidade também é um mistério. Nunca compreenderemos totalmente o seu alcance e a sua plenitude. Ainda que esteja numa dimensão humana, o ser mãe ultrapassa este plano meramente natural e atinge o seu significado último no desígnio de salvação de Deus. Por isso, a maternidade está inserida no mistério de Deus e, deste jeito, ela mesma se torna um mistério para todos nós. É o mistério da vida humana, da existência irrepetível de cada pessoa humana, querida e amada eternamente por Deus.
Hoje, dia das Mães, é dia de ação de graças. É o dia de dobrar os joelhos diante do Pai do qual toda maternidade e paternidade recebe nome (cf. Ef 3,14-15). Todas as mães deveriam, hoje e sempre, elevar os olhos aos céus e clamar junto com a Mãe de Deus, dizendo: A minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador porque o Poderoso fez em mim maravilhas (cf. Lc 1,46-47.49a). Modelo de toda maternidade, Maria agradece a Deus pelo dom inefável de ser mãe, reconhecendo a grandeza deste mistério. Gostaria de terminar citando as seguintes palavras de João Paulo II: «Obrigado a você, mulher-mãe, que se faz ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que a torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que a faz guia dos seus primeiros passos, amparo de seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida» (Carta às mulheres, 2). Não percamos esta oportunidade: demos graças a Deus Pai pelo Dom da maternidade e nunca nos cansemos de perscrutar o seu Mistério e de defender a sua inestimável dignidade. Não seria talvez esse o melhor presente? Feliz Dia das Mães!