Independência!?

Celebramos, no dia 7 de setembro, a independência de nosso país. Em termos de autonomia, de política, de cultura própria e de respeito pelos direitos, nada melhor. Mas será que somos tão independentes assim? Há um lado positivo e outro negativo nesse questionamento. Muitas vezes, continuamos usando a cartilha de outros, sendo manipulados e nos tornando subservientes em determinados assuntos e decisões.

Isso é triste e impede a caminhada. Por outro lado, nós precisamos uns dos outros. Uma conscientização de uma certa interdependência pela saúde do Planeta, por exemplo.

O mesmo podemos dizer com respeito aos direitos humanos, à justiça, às causas humanitárias, à paz no mundo… Enfim, não dá para vivermos isolados. Embora estejamos num aldeia global, ideias e culturas predominantemente individualistas procuram dominar-nos.

Quando se pensaria, no século XXI, em muros separando povos? Em guerrilhas semeando ódio entre etnias? Em religiões se atacando em nome de Deus? Fomos criados para a comunhão. Negamos isso cada vez que não a promovemos. Faz parte do nosso ser a necessidade do outro. Aliás, dentre os animais, o ser humano é o mais dependente do seu semelhante. Como insistir numa independência à custa de discórdias?

“Juntos somos mais!” Isso vale para nossas famílias, para nossas comunidades e entre povos e culturas que se enriquecem quando se somam. Mas a ideia de que a vida a cada um pertence e a felicidade individual tem que ser buscada, doa a quem doer, destrói o essencialmente humano…

Não podemos perder de vista o caminho de comunhão. Esse é o caminho do ser humano. Por vezes, o orgulho, a autossuficiência, a soberba, em nome de uma certa independência, podem reinar. Isso eu digo, não só em relação a irmãos, mas até em relação a Deus.

Ouvimos, não faz muito tempo, um cientista dizendo que faria o ser humano novamente e, desta vez, melhor que Deus… Que triste! O primeiro pecado foi baseado na tentação “e sereis deuses…” (cf. Gênesis 3,5). O pecado de ontem é o mesmo de hoje. É preciso redescobrir o nosso cordão umbilical com Aquele que nos criou e nos ama, incondicionalmente, com Amor Eterno e profundamente criativo.
Ele tem nossos nomes na palma de Suas Mãos. Já havia pensado em nós, desde antes de nossa formação no ventre materno (cf. Jeremias 1, 5a). Seu amor por nós chega ao ciúme, Ele troca reinos por nós (cf. Isaías 43, 4). Aliás, por nós, deu muito mais que isso, enviou-nos Seu Filho para nos salvar!

Coloquemo-nos, sem reservas, nessas Mãos que têm a solução para nossa vida. Vivamos intensamente nossa comunhão com o Senhor e, por consequência, nossa união com os irmãos. Quando crescemos no Amor d’Ele, concretizamos essa experiência de amor no serviço aos irmãos. Respondamos com sinceridade de coração: como tem sido nossa vida em relação a Deus? Vivemos com Ele ou na ausência d’Ele ou apesar da existência d’Ele?

É hora de retomar nossa intimidade e profunda dependência com relação ao Criador.
A Igreja, Sacramento de Cristo, é o lugar onde podemos viver tal experiência. Isso se dá pela vida sacramental (especialmente Eucaristia e Confissão), pela Liturgia, pela meditação da Palavra e no serviço à comunidade. Assim, e só assim, a vida tem sentido!

Viemos de Deus e voltaremos para Ele, estamos profundamente ligados a Ele e entre nós! Não percamos mais tempo, façamos ou retomemos essa experiência!