Era 13 de maio de 1917, uma manhã de domingo como tantas outras, quando o céu se abriu e Nossa Senhora veio visitar a terra, trazendo um apelo de conversão para toda a humanidade. Escolheu como mensageiros os humildes pastorinhos da Serra de Aire, Jacinta de 7 anos, seu irmão Francisco, de 9, e sua prima Lúcia, de 10 anos.
O lugar escolhido também surpreende pela simplicidade. A Cova da Iria era uma terra de pastagens para o rebanho de ovelhas, coberta de uma vegetação rasteira, pedras e algumas árvores, como a azinheira, utilizada por Nossa Senhora do Céu como púlpito, para falar aos pequeninos e por intermédio deles ao mundo inteiro.
O fato é que, há 94 anos, o 13 de Maio é um marco na história de Portugal, da Igreja e do mundo. A vida daquelas crianças também mudou completamente depois daquele dia. Fiéis ao apelo de Nossa Senhora: «Oferecei a Deus todos os sofrimentos que Ele vos enviar, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores».
Os Três Pastorinhos entregaram-se a esta sua grande missão, principalmente pela recitação diária do terço e a prática de sacrifícios, de tal modo que já em 1919 e 1920, respectivamente, Francisco e Jacinta foram levados ao céu. E depois de a Santa Igreja ter reconhecido as virtudes heroicas deles e um milagre por meio da intercessão deles, o Papa João Paulo II – no dia de 13 de maio de 2000 – declarou-os beatos, reconhecendo assim o cumprimento heroico da missão que receberam de Nossa Senhora.
Na terceira aparição da Virgem Maria às crianças – em julho de 1917, Lúcia recebeu de Nossa Senhora uma missão específica: «Jesus quer servir-Se de ti, para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração». Missão que ela assumiu com muito empenho durante toda a vida.
Em outubro daquele mesmo ano, conforme a Senhora havia prometido, concluiu-se o ciclo das aparições. Aquele dia ficou marcado com o surpreendente “Milagre do Sol” – historicamente certo e reconhecido inclusive pela ciência. Diante deste sinal de Deus, o bispo D. José nomeou, em maio de 1922, uma Comissão Canônica para o processo Diocesano das Aparições e em 13 de outubro de 1930 declarou como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, permitindo oficialmente o culto a Nossa Senhora de Fátima que, a esta altura, já atraía milhares de peregrinos de diversas partes do mundo ao local.
A essência da Mensagem de Fátima é chamar a atenção dos homens para as verdades eternas da salvação. Sua primeira exigência é a reparação das ofensas cometidas contra Deus, contra Jesus e contra o Imaculado Coração de Maria.
Jacinta Marto, a mais nova entre os três videntes, expressava esta verdade quando já enferma – e totalmente absorvida pelo desejo do Céu – vivia seus últimos dias aqui na terra. «Se os homens soubessem o que é a eternidade, faziam tudo para mudar de vida», proclamava ela.
Francisco, que tinha caráter firme e era, segundo relatos, o mais radical nas penitências, era de poucas palavras e de muita oração. Sabendo que seria logo levado ao Céu pela Branca Senhora, não queria outra coisa senão consolar o coração de Jesus com suas orações e penitências. Enquanto a sua irmã e a prima iam à escola, ele aproveitava para ficar com “Jesus Escondido”, como costumava referir-se à Santíssima Eucaristia.
À Lúcia foi confiada – pela Virgem de Fátima – a missão de nos transmitir a Mensagem de Fátima, guardar por um tempo “o Segredo de Fátima” e ser, durante sua vida na terra, um sinal concreto de fé e esperança para os peregrinos e devotos de Nossa Senhora. Faleceu aos 98 anos, em 13 de fevereiro de 2005.
Noventa e quatro anos já se passaram e a Mensagem de Fátima parece-nos ecoar com ainda mais vigor. As inúmeras graças alcançadas e o número cada vez maior de peregrinos que vêm à Cova da Iria são sinais evidentes da presença real da Mãe de Deus neste lugar.
Apoiemo-nos com fé na promessa que Nossa Senhora nos fez: «Por fim meu Imaculado Coração triunfará» e caminhemos como fiéis peregrinos rumo à salvação eterna.