Após a sua ressurreição, Jesus confiou à Igreja, na pessoa dos «Doze» a missão que Ele mesmo recebera do Pai: ‘Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova O Evangelho a toda a criatura‘.
Esta missão, espinhosa e difícil, receberam-na e recebem-na, em todos os tempos da história, muitos Profetas e Confessores da fé. O Vaticano II lembra-nos que todos os membros do Povo de Deus têm parte na missão profética de Cristo. A Liturgia deste dia lembra-nos a dura missão denunciadora dum Profeta do Antigo Testamento Jeremias.
Homem tímido, sem pretensões a desempenhar missões de risco, é enviado por Deus a Jerusalém para denunciar, em ambiente adverso, as atitudes imprudentes e sem norte por parte do rei de Jerusalém e dos chefes militares e religiosos. Anuncia desgraças iminentes e dias de ruína, desmacara arranjos proféticos e subterfúgios de conveniência que levarão Jerusalém ao exílio. Jeremias cumpriu a sua missão, mas os homens do seu tempo não o acolheram. Acusam-no de traição à Pátria, invectivam-no, metem-no na prisão, espancam-no e lançam-no a uma cisterna com lama!
O Profeta não retira nenhuma das suas palavras e o tempo demonstrará a razão do seu discurso anunciador e denunciador. Verdadeira figura de Jesus, Jeremias anuncia a vontade de Deus, denuncia o que se contrapõe ao nome do Senhor, sofre na carne as consequências do oráculo profético, mas não desiste, mesmo com o risco da própria vida, porque sabe que Deus está com ele!
Evangelizar é uma missão difícil e espinhosa, sobretudo em ambientes adversos. Mas, para quem crê e confia, é gratificante proclamar sobre os telhados o que nos é confiado no segredo da comunhão com Deus.
+ Manuel Madureira Dias
Bispo do Algarve
Portugal, 23 de Junho de 2002.