Em nossos dias, assistimos a um triste espetáculo (talvez, a uma verdadeira tragédia!): a cultura da morte. Está presente no nosso cotidiano, em nossas cidades, nos centros de decisões políticas e econômicas, nos hospitais, na educação, nas famílias… enfim numa mentalidade que, por falta de uma denominação melhor, chamamos de pós-moderna. A cultura da morte nos apresenta um infeliz elenco de práticas que se prestam para soluções de certos problemas sem-saída: aborto, eutanásia, pena de morte, ecolatria, drogas, violência, etc. Este modus cogitandi (maneira de pensar) pós-moderno gera um estilo de vida próprio, um particular modus vivendi: o interesse de cada pessoa está acima dos de outrem; critérios econômicos e políticos dominam sobre os direitos fundamentais do homem. Em outras palavras, a cultura da morte é a proclamação universal dos direitos utilitaristas, materialistas e egoístas: é uma norma de vida, ou melhor, uma norma de morte para muitos.
Tendo esta realidade diante dos olhos, não podemos ficar calados! Somos discípulos de Cristo e vivemos o Evangelho da vida! Esta Boa-Nova trazida por Cristo anuncia uma cultura pro-life (pela vida). O homem foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, dotado de um valor intrínseco e insubstituível, inteligente e livre para conhecer e amar a seu Criador. O valor real de cada homem se encontra nos olhos de Deus. Desta feita, toda a vida humana está preenchida e guiada pelo desígnio particular e amoroso de Deus, dado que cada pessoa humana surge de um ato especial da sabedoria e da vontade amorosa da Trindade. Não nascemos por acaso. Existimos porque o quer Deus. Os questionamentos acerca do sentido da vida sempre estiveram presentes na história humana. Num dos álbuns mais recentes do tenor italiano Andrea Bocelli, encontramos na canção Vivere uma preciosa reflexão sobre o que é viver: Vivere, nessuno mai ce l ha insegnato… Perché, perché, perché… ho voglia di vivere… (Viver, ninguém nunca no-lo ensinou… Por que, por que, por que… tenho vontade de viver…).
Na ótica do Evangelho, portanto, a vida humana possui um valor inestimável por si mesma. O Evangelho de Cristo é o fundamento da cultura da vida. A vida vale mais! Aos olhos de Deus, nada, em todo o mundo criado, vale mais do que a vida de uma pessoa humana! Hoje, estamos em crise: quem vale mais? Só para dar um exemplo, gostaria de tocar no doloroso e vergonhoso assunto do aborto. Bem expressou o engano de todo e qualquer argumento abortista o cartaz que assim dizia: It is not a choice, it is a child (Não é uma escolha, é uma criança!). Sempre nos falaciosos e sofísticos discursos dos membros dos movimentos pro-choice, percebemos uma visão unilateral da problemática, bem longe de uma sadia e sensata antropologia e por demais adversa a qualquer verdade cristã: quem vale mais? Onde está o valor intrínseco que aquela pessoa humana ainda não nascida possui diante de Deus? Que explicação satisfatória poderia ser dada à morte de um nascituro? Todos aqueles que defendem o aborto, com certeza, não desejariam que eles mesmos tivessem sido abortados! Por isso, este tipo de argumentos não passa de interesses egoístas e de apologias hipócritas!
No final do cap. 30 do livro do Deuteronômio, lemos: Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade… Escolhe, pois, a vida… (vv. 15.19b). Como cristãos, somos impelidos a uma conversão profunda da nossa mentalidade. Temos de abraçar a cultura da vida: nada nem ninguém tem o direito de dispor arbitrariamente da vida de qualquer ser humano! Quem não respeita o direito à vida, não conseguiu ainda ser homem e, muitos menos, ser cristão. Porventura não somos nós os seguidores d Aquele que disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a VIDA ?