Na liturgia, sobretudo na liturgia dos sacramentos, existe uma parte imutável – por ser de instituição divina -, da qual a Igreja é guardiã, e há partes suscetíveis de mudança, que ela tem o poder e, algumas vezes, até o dever de adaptar às culturas dos povos recentemente evangelizados.
(João Paulo II – Carta apostólica Vicesimus Quintus Annus)
O nosso Catecismo traz em seu parágrafo 1204, as seguintes explicações: Por isso a celebração litúrgica deve corresponder ao gênio e à cultura dos diferentes povos. Para que o mistério de Cristo seja dado a conhecer a todos os gentios, para leva-los à obediência da fé ( Rm 16,26), deve ser anunciado, celebrado e vivido em todas as culturas, de sorte que estas não sejam abolidas mas resgatadas e realizadas por ele. É mediante sua cultura humana própria, assumida e transfigurada por Cristo, que a multidão dos filhos de Deus tem acesso ao Pai, para glorifica-lo, em um só Espírito.
A Igreja percebendo assim, a necessidade de promover uma maior participação do povo nas celebrações, passou a discutir amplamente o assunto. A Constituição Sacrosanctum Concílium sobre a Sagrada Liturgia em seu parágrafo primeiro diz:
O Sacrossanto Concílio propõe-se fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis; acomodar melhor às necessidades de nossa época as instituições que são suscetíveis de mudanças; favorecer tudo o que possa contribuir para a união dos que crêem em Cristo; e promover tudo o que conduz ao chamamento de todos ao seio da Igreja. Por isso julga ser seu dever cuidar de modo especial da reforma e do incremento da liturgia.
Após o Concílio, dois encontros de Bispos da América Latina – Medellín e Puebla – foram de grande importância na adaptação da liturgia à cultura de cada povo, promovendo o fortalecimento da vida das comunidades.
Dois documentos importantes foram também redigidos pela CNBB, o de número 11 que trata da celebração de Missas com Grupos Populares, e o de número 43 que busca responder as expectativas do povo ligando liturgia à vida, abrindo espaço ao leigo fazendo surgir novos ministérios e serviços e dando início a uma verdadeira Pastoral Litúrgica, que reunindo as diferentes Equipes de Celebração deve promover a unidade entre as diversas celebrações litúrgicas de uma comunidade.
Para formar as diferentes Equipes de Celebração, é necessário que se desenvolva na comunidade cursos, encontros e outros eventos que despertem o amor à liturgia. Os membros destas equipes devem surgir de forma espontânea e cada qual se colocará a serviço de acordo com sua aptidão e disponibilidade. É importante que cada uma desta deferentes equipes, tenha um membro fazendo parte integrante da Pastoral Litúrgica, para que deste modo seja mantida a unidade nas celebrações.
Programar, planejar e avaliar devem ser preocupações freqüentes das equipes, pois na liturgia nada deve ser improvisado, mas tudo precisa ser preparado para que a comunidade participe de forma plena, ativa e consciente de cada celebração.