O celibato é graça, e se faz por uma escolha de Deus. É um doar-se por inteiro, num amor onde não se leva em conta a reciprocidade do doar-se. A alma por Deus escolhida tem em si esta certeza: que precisa se gastar como o fez o próprio Jesus, sendo tudo para todos. Onde é exclusivo de Deus e incansável no serviço do reino.
Lembro que meus amigos sempre tentaram me proteger e quando aproximava de um rapaz diziam que eu tinha algo de especial. Não foi fácil me guardar, viver a castidade e guardar a virgindade. Só o consegui por graça de Deus, e pela eucaristia. Desde os meus sete anos, quando fiz a primeira comunhão, pedi a pureza; que o Senhor Jesus, que eu ia receber no coração, me protegesse e concebesse.
Sei que desde o sempre fui escolhida por Deus, pois o meu nascimento já foi um milagre. O médico chegou a dizer que minha mãe se salvasse e que eu morresse. Mas ela disse que teria o filho e, se fosse menina, colocaria o nome de Maria das Graças. E ainda, que Nossa Senhora das Graças seria a minha madrinha.
Toda a minha história, desde o nascimento, me faz ao longo dos anos ter esta certeza do celibato. Eu até quis me casar e tive boas oportunidades para isso. Também profissional, pois antes de entrar para a Comunidade, o meu cunhado me pediu que eu fosse administradora de uma loja que iria montar.
Ele pensou em mim. Disse: vá para Lisboa, você vai ter o seu apartamento e um grande futuro. Isto faz 13 anos. Eu disse que por castelo de ouro nenhum iria, e que o Senhor Jesus era e é o meu tesouro maior.
Eu sempre tive um profundo amor pela Igreja. O casamento era pouco, eu precisava pôr todo o fogo do amor que sentia para salvar muita gente e me gastar pelo serviço do reino. E sabia que freira não queria ser. Foi na Canção Nova, no dia 22 de julho de 1995, que realizou o meu grande desejo de, mesmo indigna, assumir o meu compromisso de celibato, de vida consagrada, de pertença total ao Senhor.