Na vida de cada um de nós existem situações e preocupações que nos acompanham com insistência e em determinados momentos nos martirizam, nos fazem sofrer e renovam a nossa esperança e esforços para resolvê-las. Quem não tem filhos, a uma certa idade, tem quase uma obsessão por ter filhos e recorre a todos os meios.
Todos os movimentos necessitam de seguidores para poder espalhar a própria filosofia, ideologia ou fé… assim a Igreja não pode fugir desta preocupação. Todos os problemas se tornam mais sofridos quando se percebe que existe uma carência vocacional interna, faltam anunciadores do Evangelho que ocupem os lugares nos vários ministérios que se costumam chamar de ordenados e não ordenados; conceitos que não são fáceis de entender. Ministérios ordenados são aqueles que nos são conferidos por uma ordenação, consagração própria que a Igreja confere a alguns que se sentem chamados por Deus, e este chamado é confirmado pela mesma autoridade da Igreja. São os diáconos, os sacerdotes e os bispos… três vocações que fazem parte do mesmo dinamismo eclesial.
Como poderia continuar a existir a Igreja sem bispos, sem sacerdotes e sem diáconos? Ela seria sem cabeça e não teria possibilidade de continuar a missão de Jesus que, na Quinta-feira Santa, movido de amor pela humanidade que era como um rebanho sem pastor, quis manifestar a sua misericórdia dando-nos a Eucaristia e os sacerdotes que pudessem celebrar em seu nome a santa memória através do sacrifício eucarístico. Desde então muita água passou debaixo das pontes da história, mas o essencial ficou o mesmo. Os bispos, sucessores dos apóstolos, ordenaram os presbíteros para que os ajudassem no ministério da ação e da palavra. E quando isto se tornou mais difícil por causa de tantos trabalhos apostólicos, surgiram na mesma comunidade os servidores, os diáconos que receberam a missão de servir a mesa, pensar com amor e carinho nos pobres, enquanto os apóstolos se reservavam para ser a oração e o anúncio, e assim podemos ainda hoje contemplar esta belíssima harmonia que existe na Igreja.
No dia 21de abril celebramos o domingo vocacional, um dia em que a Igreja olha para dentro de si e vê que lhe faltam membros qualificados e consagrados para que o Evangelho de Jesus seja levado a todas as criaturas. Este ano, o Papa João Paulo 2º insiste sobre a característica própria de cada vocacionado à santidade. A Igreja, como casa de santidade onde todos somos chamados a vivenciar esta nossa adesão ao Cristo Jesus, o santo entre todos, que nos seduz pela sua bondade e amor e suscita pessoas que o sigam de forma toda especial. As vocações, nos recorda a mesma Igreja, não são somente fruto de uma pastoral vocacional que vai conscientizando a comunidade da necessidade dos pastores ou dos vários ministérios, mas são sobretudo uma resposta de Deus à comunidade que reza, suplica e pede ao Senhor da messe que envie operários à sua messe.
Bem-vindo seja, dia vocacional! Que possamos todos nós encontrar na Igreja a casa da santidade e nela encontrar os santos ministros que, com sua vida e palavra, nos orientam para chegarmos à posse definitiva do Reino e para construirmos aqui e agora um reino de justiça, de paz e de alegria sem fim.