A graça de Deus é incompreensível a muitos olhos. Quantos de nós não nos perguntamos com certa dúvida no coração se há correção para um irmão nosso? Muitas vezes nem sequer nos perguntamos, mas afirmamos logo de cara: Este aí não tem mais jeito! Contudo acabamos por esquecer que Deus, como diz São Paulo na carta aos romanos, não faz acepção de pessoas. E isto é verdade.
Observemos nossos testemunhos de conversão. É plenamente perceptível que o Senhor atuou em nossas vidas sem se preocupar com o nosso passado, que esta atuação é devida a Seu amor misericordioso e a vontade de que nós, mesmo sendo indignos, estejamos a serviço do Reino. De fato Deus nos amou muito antes de sermos formados, e isso sem restrições nem exceções. Amou-nos de tal forma que enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados (1 Jo 4, 10).
Veja, se Deus nos amou com este amor incomparável e nos enviou seu único Filho como expiação de nossos pecados, quanto mais Ele amou e ama aqueles que ainda não conheceram tamanho amor, quanto mais Ele ama aqueles que ainda não tiveram sua experiência com Deus?! Não quer dizer que Deus não nos ame porque já tivemos nossa experiência com Ele, mas que ama e está muito mais preocupado com aqueles estão perdidos e ainda não foram achados. E é por estes que o Senhor nos chama ao serviço do Reino.
Assim como o Senhor escolheu aqueles que foram utilizados como canais da graça para a nossa conversão, Ele nos escolhe para sermos estes mesmos canais para aqueles que ainda não O conhecem, e isto sem levar em conta que muitas vezes nós pecamos ou que por nós mesmos somos indignos de servir ao Senhor. Não somos fortes, não a ponto de fugir do pecado e estes nossos irmãos muito menos. É o próprio Cristo vem em auxílio de nossas fraquezas para nos libertar de nossas escravidões. E por que não o seria assim com estes irmãos que tantas vezes nós julgamos não terem mais correção? Se Deus fez por nós, enquanto caminhávamos nas trevas, por que não faria por estes nossos irmãos agora?
Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador que se converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão (Lc 15, 7). Assim fala o próprio Cristo a cada vez que duvidamos que aquele irmão possa ser convertido. E isto para nos lembrar de que também nós, quando desviamos do caminho, somos recebidos pelo Senhor com todo amor e carinho. Bonito ver que o Senhor faz por nós, que Ele nos ama de tal modo que é incapaz de se esquecer de nós, mesmo que tenhamos o pior dos passados. Maravilhoso este amor de Deus, não? Então porque duvidar que este mesmo amor com o qual Deus nos chama e nos conduz à conversão diária, Ele também o utiliza para conquistar àqueles que nós mesmos dizemos não ter mais jeito? Em que somos melhores que estes nossos irmãos? O que nos diferencia deles, exceto o fato de sermos mais pecadores?
Se, pois, sabemos que Deus fez, e faz, por nós sabemos que Ele é infinitamente amor e misericórdia. E se sabemos disso, duvidamos do poder de Deus ao afirmar que alguém não tem correção. Sério isso, não?
Creia que o mesmo amor com que Deus nos resgatou, Ele utiliza para resgatar aqueles que estão perdidos. Este é o convite que Deus nos faz hoje, que deixemos de ser egoístas e vivamos a alegria de servir ao irmão e de sermos canais da graça, pelos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, e, principalmente, tenhamos a esperança em Deus de que todos podem ser regatados, não importando a gravidade da situação, pois o amor de Deus se estende a todos os homens e não apenas a poucos de nós.
É importante lembrar que alguém disse no passado que nós também não tínhamos solução, que não havia como sermos resgatados e que mesmo assim havia alguém que orava por nós e não deixava de nos amar… este mesmo alguém, hoje, não deixa de amar aos outros irmãos que não têm correção e muito menos de orar por eles a Deus… este alguém é Jesus Cristo.