Copa da solidariedade

Em época de Copa do Mundo, milhões de brasileiros são tomados pelo mesmo sentimento de ansiedade, esperança e expectativa em torno da possibilidade de ver, mais uma vez, o Brasil se sagrar campeão do mundo. Entretanto, não podemos correr o risco de, nesse e em outros períodos de grandes festas e eventos populares, nos esquecermos do que é realmente fundamental. Para que sejamos bons atletas sociais, é preciso driblar adversidades, superar desafios e treinar cotidianamente para que o País seja imbatível em índices positivos de justiça e igualdade, Saúde, Educação e Cultura.

O sentimento de unidade e de patriotismo, que aflora de maneira tão intensa, na época do Campeonato Mundial de Futebol é um exemplo do que deveria acontecer quando vemos milhões de brasileiros precisando de apoio e de solidariedade. É bem verdade que, nas últimas décadas, evoluímos muito. Os números do trabalho voluntário no Brasil mostram uma população mais pró-ativa, atuante, menos dependente das esferas governamentais. Instituições que, por motivos variados, nem sempre conseguem atender a todas as demandas.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 42 milhões de brasileiros são voluntários. Pessoas que desenvolvem ações solidárias – sejam elas constantes, sejam esporádicas –, doando um pouco do seu tempo, de seus recursos, de sua criatividade, em benefício de quem atravessa um momento de dificuldade.

Em todo o Brasil, milhares de Organizações Não-Governamentais foram criadas para defender os interesses de pessoas, grupos e comunidades. Muitas empresas privadas, por sua vez, também já estimulam seus colaboradores internos e externos para o desenvolvimento de projetos comprometidos com o progresso sustentável, com a preservação do meio ambiente e com a implementação de práticas direcionadas à qualidade de vida. Tanto nas metrópoles quanto no interior do país, inúmeros programas vêm sendo organizados com sucesso. Muitos capacitam crianças, jovens e adultos para a aquisição da autonomia, capacidade de liderança e crença no futuro.

A Pastoral da Criança, por exemplo, é uma referência de trabalho sério, internacionalmente reconhecido por sua criatividade em obter soluções simples e eficazes que contribuem para reduzir os índices de mortalidade infantil. De Norte a Sul do País, são mais de 240 mil voluntários, atuando em 36 mil comunidades organizadas. Todo o trabalho – que promove, entre outras coisas, saúde e nutrição – é realizado com um custo baixíssimo de R$1,33 por criança/mês. Muitos dos resultados alcançados pela pastoral advêm da estratégia de se multiplicar em larga escala e de capacitar mulheres pobres – oriundas das próprias comunidades onde atuam – como agentes de transformação social.

A despeito dos avanços, é preciso lembrar que vivemos em um país de proporções continentais, com uma população de cerca de 180 milhões de pessoas. Nesse contexto, ainda há muito a ser feito. Por isso mesmo, não custa propor uma reflexão para esses dias em que a Copa do Mundo nos une em torno de um mesmo sonho: o que cada um de nós pode fazer para melhorar o mundo em que vive? De que modo podemos nos tornar menos individualistas e mais altruístas? Quais de nossos talentos podem ser usados em benefício do próximo?

Visite as associações de seu bairro, os asilos, os abrigos para menores, as ONG’s. Escolha trabalhar com um tema ou causa que tenha a ver com o seu perfil. Você poderá ler, contar histórias, cozinhar, conversar, passear, servir de companhia, ensinar algum ofício. Tudo de acordo com sua disponibilidade de tempo. Estamos convictos de que atuar nesse jogo em que se exercita a solidariedade e a cidadania já simboliza, por si só, uma vitória ímpar!

Com certeza, você verá que fazer a diferença na vida de outra pessoa faz surgir um “placar” cujo resultado só apresenta vencedores.

É nosso desejo que essa seleção solidária prossiga crescendo e trazendo alegrias à imensa torcida brasileira!