O ser humano, enquanto imagem de Deus, é criado para amar.
Esta verdade foi-nos revelada plenamente no Novo Testamento, juntamente com o mistério da vida intratrinitária: Deus é amor (1 Jô 4, 8) e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando à sua imagem…, Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a vocação, assim a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, portanto, fundamental e originária vocação do ser humano.
Todo o sentido da própria liberdade, do autodomínio conseqüente, é assim orientado ao dom de si na comunhão e na amizade com Deus e com os outros.
O amor humano como dom de si
A pessoa é, portanto, capaz de um tipo de amor superior: não o amor da concupiscência, que vê só objectos com que satisfazer os próprios apetites, mas o amor de amizade e oblatividade, capaz de reconhecer e amar as pessoas por si mesmas.
É um amor capaz de generosidade, à semelhança do amor de Deus; quer bem ao outro porque se reconhece que é digno de ser amado. É um amor que gera a comunhão entre as pessoas, visto que cada um considera o bem do outro como próprio. É um dom de si feito àquele que se ama, no qual se descobre, se actua a própria bondade na comunhão de pessoas e se aprende o valor de ser amado e de amar.
Cada ser humano é chamado ao amor de amizade e de oblatividade; e é libertado da tendência ao egoísmo pelo amor de outros: em primeiro lugar pelos pais ou seus substitutos e em definitivo, por Deus, de quem procede todo o amor verdadeiro, em cujo amor somente a pessoa humana descobre até que ponto é amada. Aqui se encontra a raiz da força educadora do cristianismo: O homem é amado por Deus! Este é o mais simples e o mais comovente anúncio de que a Igreja é devedora ao homem. Foi assim que Cristo revelou ao ser humano a sua verdadeira identidade: Cristo, que é o novo Adão, na mesma revelação do mistério do Pai e do Seu amor, manifesta plenamente o homem ao próprio homem e descobre-lhe a sua altíssima vocação.
O amor revelado por Cristo aquele amor, ao qual o apóstolo Paulo dedicou um hino na Primeira Carta aos Coríntios… é, sem dúvida, um amor exigente. Mas nisto mesmo está a sua beleza: no fato de ser exigente, porque deste modo constrói o verdadeiro bem do homem e irradia-o também sobre os outros. Por isso é um amor que respeita a pessoa e a edifica porque o amor é verdadeiro quando cria o bem das pessoas e das comunidades, cria-o e dá-o aos outros.
Fonte: vatican