Santa Rita nasceu em Rocca Porena, território de Cássia, no ano de 1381, sendo seus pais Antônio Mancini e Amata Ferri. Ambos já eram bastante idosos, quando a Santa veio ao mundo, atribuindo-se, por isso, caráter prodigioso e esse fato que encheu de alegria e felicidade o lar dos velhos Mancini. E, como Cássia fica encravada na Úmbria, Santa Rita é conterrânea de São Bento, de São Francisco de Assis, de Santa Clara e de inúmeros outros Santos, pois só no dia 9 de maio, o Martirológio Romano menciona a paixão de 1525 Mártires! Foi batizada na pia da Igreja de Santa Maria de Cássia no nome de Margarida (Margherita, em italiano) sendo toda a vida chamada com o diminutivo de Rita, com o qual se tornou conhecida para sempre. Cinco dias contava de nascida, quando lhe pousaram nos lábios, como se fosse uma colméia, abelhas alvíssimas sem ferrão, Como a preludiarem a grande virtude da doçura que seria modelo insigne.
Em 1396, já era mocinha de dezesseis anos, quando seu amor pelo recolhimento e pela prece a levaram a formar uma espécie de sela na casa paterna, onde, após a labuta domestica, ficava sozinha diante de Deus.
Tinha apenas dezoito anos, quando seus velhos pais, orientados pelo seu confessor, lhe propuseram para marido o jovem Paulo Fernando, natural também de Rocca Porena. Rita, apesar de sentir-se chamada para a vida religiosa, viu na vontade paterna um reflexo dos desígnios de Deus, e assim contraiu o matrimonio, na constância do qual deu a luz a dois filhos: João Tiago e Paulo Maria. A vida conjugal lhe transcorreu cheia de tormentos, devido ao temperamento impulsivo do marido. E, quando os seus sofrimentos de esposa terminaram pela morte trágica e inesperada de Fernando, ela o chorou com saudade tão crista, como crista tinha sido a paciência com que lhe suportava os arrebatamentos do gênio.
O ano de 1415, assinala a morte de seus dois filhos, cuja circunstancia especial já demonstrou bastante o extraordinário valimento de Rita junto ao trono do Altíssimo.
Esses rapazes, verificando o assassínio do pai, formularam logo o propósito de o vingarem, consoante os costumes rudes da época. Mas Santa Rita preferiu velos mortos a velos de mãos manchadas de sangue humano; e tanto rezou nesta intenção, que, em menos de um ano da morte do pai, eles espiravam santamente, arrependidos de seus intentos nefastos.
Vendo-se viúva e sem filhos, Rita achou chegada a ocasião de acudir ao primeiro chamado, ouvido na infância. Quis fazer-se religiosa, mais a superiora do mosteiro agostiniano de Santa Maria Madalena, de Cássia, não a quis aceitar. ‘Já dera tudo ao Mundo, e só agora resolvera dar os restos a Deus!’… Já tinha sido repelida três vezes, quando João Batista, Santo Agostinho, e São Nicolau Tolentino, seus protetores a introduziram milagrosamente no clausto.
Em 1417, na vigília de sua profissão religiosa teve uma visão semelhante a da escada de Jacob.
No ano seguinte, ocorreu-lhe outro milagre estupendo. Ordenando-lhe a superiora, em nome da obediência que rega-se todos os dias um sarmento seco de vinha, mal transcorreu um ano, já daquele ramo morto brotavam cachos de uvas abundantes e saborosas. E a videira, apesar de velha de cinco séculos, ainda hoje esta viçosa.
Rita foi sempre devota da sagrada paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, por isso, sonhava por ter um sinal sensível dos sofrimento do Senhor. Um dia, tendo ela já 24 anos de vida religiosa, depois de ouvir um sermão, estava a meditar diante de uma imagem do crucificado, venerada num pequeno oratório do mosteiro, quando da coroa do Crucificado se desprendeu um espinho, o qual, rápido como uma fecha, foi cravar-se na testa de Rita. Esta ferida do espinho acompanhou-a até a morte, e fê-la sofrer horrivelmente.
Ocorrendo em 1450, um ano jubilar, Rita, a semelhança de outras religiosas, desejou lucrar a grande graça da indulgência plenária. Mas, como ao dirigir-se a Roma, se ninguém podia suportar o mau cheiro da chaga do espinho?… Novo e extraordinário milagre! A ferida que nunca cedera a remédios, sarou de repente de modo a lhe permitir a peregrinação, abrindo outra vez, após a sua volta da cidade eterna.
Em 1456, estava enferma, quando, visitada por uma parente, lhe pediu uma rosa e alguns figos. Aparentemente o pedido era um absurdo, porque estavam em pleno inverno. Replicando Rita a objeção da parente mandou que fosse ao seu jardinzinho de Rocca Porena, onde, apesar do gelo e da neve, tudo havia de encontrar. E assim aconteceu.
Aos 22 de maio de 1456, Rita exalou a sua bela alma, na idade de 76 anos. O seu transito ditoso foi anunciado milagrosamente, pelo sino do mosteiro, cujos toques e repiques eram tirados por mãos invisíveis e angélicas.
Santa Rita foi canonizada pelo afeto e devoção dos fieis, muito antes que a igreja lhe concede-se a honra dos altares. Urbano VIII a beatificou em 1627, e em 1900 Leão XIII fez sua solene canonização. Mas já em 1577 se erguia em Cássia uma igreja a Santa das causa desesperadas e impossíveis. E o Brasil não foi das últimas nações em cultua-la, porque a atual matriz de Santa Rita da arquidiocese do Rio de Janeiro, data da era remota de 1724.