O trabalho é um dom de Deus, um grande bem para qualquer pessoa, útil e digno. Que o digam os desempregados! São Paulo escreve aos Tessalonicenses: ‘Quando estávamos entre vós, já demos esta ordem: quem não quer trabalhar também não deve comer‘. E constata, com ironia: alguns entre vós levam vida à toa, muito atarefados em não fazer nada (2 Ts 3, 10-11). Amar o nosso trabalho e executá-lo com perfeição é obedecer ao preceito de Deus e imitar a Jesus Cristo em seu duro trabalho em Nazaré. O trabalho desenvolve a personalidade, proporciona o sustento da família e o auxílio às obras de caridade. Acima de tudo, é caminho de santidade.
O oferecimento do dia ao Senhor inclui o oferecimento do trabalho. Mas é preciso procurar que seja bem feito: o estudo, a solicitude da mãe de família pelos filhos e marido, o cuidado dos muitos detalhes que fazem da casa um verdadeiro lar. O médico, além da competência profissional, há de ser amável e acolhedor com seus pacientes. As enfermeiras, em seu trabalho sacrificado, devem ver Cristo em cada um dos doentes.
Qualquer que seja o trabalho profissional, é preciso amá-lo, mesmo que passemos anos a fio na mesma tarefa. É claro que devemos procurar conseguir uma situação melhor, uma promoção, um trabalho de maior destaque. Mas esse desejo, legítimo, não deve causar desassossego ou intranqüilidade, como se o êxito profissional e financeiro fosse o único motivo que nos leva a trabalhar. O cristão não mede o seu trabalho unicamente pelo dinheiro, como se fosse o fim único ou principal. Qualquer que sejam as tarefas e incumbências, é nossa obrigação santificá-las, afastando a mentalidade mercantilista.
O exemplo de São Paulo é emblemático: apesar de trabalhar intensamente, com a preocupação de não ser pesado a ninguém, continuava a ser o Apóstolo, o eleito de Deus para evangelizar os gentios, servindo-se de sua profissão para aproximar os outros de Cristo. Devemos examinar com freqüência a qualidade humana do nosso trabalho: se o começamos e terminamos no horário estabelecido; se o realizamos com ordem, sem deixar para o fim as tarefas mais difíceis ou menos agradáveis; se evitamos conversas inúteis; se procuramos melhorar a qualidade do trabalho com o estudo, para atualizar-nos nas novas questões que surgem em todas as profissões; se evitamos exceder-nos no trabalho, para não prejudicar a família, a nossa formação espiritual, o apostolado e a participação na comunidade eclesial. Principalmente, examinemo-nos para ver se em nosso trabalho temos presente Jesus em sua oficina de Nazaré. O trabalho profissional é meio de santificação e de louvor a Deus. Amá-lo e executá-lo bem: eis a nossa obrigação.
Dom Frei Daniel Tomasella
Diocese de Marília – SP
Fonte: Jornal ‘No Meio de Nós’