O recurso à força não resolve nenhum problema, “salvo, quem sabe, a satisfação de um desejo de vingança que, lamentavelmente, existe em algumas pessoas”: é o que afirma o editorial da última edição da “Civiltà Cattolica”, a revista dos Jesuítas italianos, um artigo dedicado a uma reflexão sobre os efeitos do ataque terrorista de 11 de setembro, contra os EUA.
A luta contra o terrorismo _ segundo o editorialista _ comporta uma “revolução cultural” no Ocidente, “a fim de que se possa conhecer e entender as causas e as modalidades de expansão de tal fenômeno, que tem assumido, ultimamente, novas formas e modalidades”. Mas é importante também_ afirma o artigo _ “começar a “secar a água” na qual navega o terrorismo, constituída por uma atitude antiocidentalista muito difundida, sobretudo entre as massas de pessoas menos favorecidas, no mundo árabe e islâmico”. Massas que se convenceriam ainda mais “da legitimidade de suas posições” se as decisões do Ocidente viessem a criar “novos mártires”.
“Muitos escreveram _ argumenta o editorial da “Civiltà Cattolica” _ que as medidas adotadas para combater as ações terroristas no Ocidente comportarão algumas limitações no exercício de certas liberdades, embora se afirme que conseqüências maiores serão de ordem econômica. Essas são as maiores preocupações atuais do Ocidente _ sublinha o editorialista _ mas talvez fosse oportuno começar a ver esses mesmos problemas, com os olhos dos habitantes do terceiro mundo, em cujos países, desde sempre, as maiorias vivem angustiadas cotidianamente, na luta em prol da própria sobrevivência.”
Dessa maneira _ arremata o artigo _ talvez pareça menos sábia a atitude do G-8 reunido em Gênova, Itália, cujos membros evitaram todo e qualquer compromisso no sentido de destinar aos países pobres, 0,7% do próprio produto interno bruto (PIB). “Se a economia globalizada abrange todos, então todos devem poder participar dela, desde o princípio, em condições paritárias, para que seja possível construir um mundo mais habitável” _ conclui o editorial.