6. Caminho novo de amor, a virgindade não pode ser concebida como negação da sexualidade, ou renúncia ao amor e à fecundidade. Opção que só a fé torna possível, a caminho da virgindade une a pessoa ao amor virginal e esponsal de Jesus Cristo, situa-a no âmago do mistério da Igreja e da sua maternidade fecunda. O âmbito do amor é a edificação do Reino de Deus.
O mandamento novo amai-vos uns aos outros como Eu vos amei, adquire um realismo particular no amor virginal, alarga ao infinito o horizonte das pessoas a amar; o amor simplifica-se no dom total de si mesmo, cada vez mais despojado e gratuito, cujo dinamismo impulsionador é o do próprio Reino de Deus. Que ninguém tenha ilusões: o que torna o amor virginal possível é o próprio amor de Jesus Cristo e a fecundidade espiritual da Igreja.
O próprio Jesus dá a entender que a fecundade do amor virginal é da ordem do Reino dos Céus. Àqueles que deixaram tudo para O seguir, Ele promete, já no presente, cem vezes mais, em casas, irmãos e irmãs, em mães e filhos, em campos, juntamente com perseguições e no futuro a vida eterna (Mc. 10,30).
Uma atitude que aparece, inicialmente, como uma renúncia ao mundo e às coisas do mundo, revela-se, na perspectiva da fé, um reenvio ao mundo, a partir de Cristo e do seu amor. Durante dois mil anos, multidões de homens e de mulheres, cativados pelo absoluto do amor de Deus em Jesus Cristo, alargaram o horizonte da sua capacidade de amar, adoraram a Deus com um coração indiviso e amaram os irmãos, sobretudo os que mais ninguém ama, com a própria ternura de Deus. A fecundidade do amor virginal actualiza o amor da própria Igreja pelos homens, ajudando a aproximar-nos mais do amor de Deus. Um coração virginal é mais capaz de amar como Deus ama.