Gosto de comparar a vida e os seus mistérios com a natureza. Acredito que, pensando assim, podemos encontrar muitas respostas e até razões para vivermos melhor cada dia da nossa passagem por este universo encantador.
Contemplando as estações do ano com as suas características próprias, aprendemos que também cada estação de nossa vida tem sua beleza, seus desafios e encantamentos.
Aqui na Europa, está chegando o Outono, no Brasil, a Primavera, e assim, em todas as partes do mundo a natureza vai se revelando nas quatro estações enquanto nos ensina, em silêncio, a lidar com a arte de viver. Aprendemos que o Outono é a estação dos ventos fortes e das folhas que caem. É a vida que se renova. Já o Inverno é a estação das chuvas intensas, do frio e da pouca luz. É a vida que se retrai, silencia. Na Primavera, as cores enfeitam a natureza de uma beleza rara. É a esperança que desponta.
E no Verão, o brilho do sol e a força da luz exaltam a criação. É a vida em plenitude
Interessante como a natureza conhece as suas estações, compreende a linguagem de cada uma delas e as respeita passo a passo.
Há quem diga que As estações do ano revelam a beleza que se esconde na harmonia dos contrastes.
Concordo, e até acredito que também a vida humana tem as suas estações e contrastes. A questão é: será que respeitamos a nossa “metamorfose” como faz a natureza? Perdas e ‘ganhos; frio e calor; escuridão e brilho; morte e vida. Tudo isso faz parte das muitas fases da vida que se renova, que se refaz e que triunfa vitoriosa. Ainda que, de tempos em tempos, venham as podas
Paciência! Faz parte das estações, momentos necessários, da nossa existência.
“Na arte de viver, mesmo quando não nos damos conta, lidamos com os contrastes”. A afirmativa é de Estevam Fernades, em um do seus artigos no Jornal O pequeno; mas faço minhas suas palavras.
É verdade que, muitas vezes, os “ventos do Outono” sopram fortemente contra nós, e assim como folhas, vemos nossos sonhos voarem ao sabor dos ventos. Parece até que a vida vai sendo despedaçada e tudo vai desmoronar. São as inevitáveis provações pelas quais passamos. Mas o Outono é também o momento em que a vida se renova. As “folhas do passado” se vão, dando espaço ao novo que virá a seu tempo.
A Palavra de Deus atesta: “Depois da tempestade vem a calmaria” (Mc 4,39). Suportar o “Outono” vivendo-o com paciência é renovar-se para a vitória que chegará.
Não é difícil perceber a chegada do Inverno. Apesar de trazer a sua beleza e ser uma estação muito aconchegante, não se pode fugir da realidade. O Inverno é também a estação do recolhimento, da reflexão, do silêncio, da espera
Tudo parece parado ao nosso redor. Queremos algo que nos aqueça e ilumine e alguém que nos escute o coração. Entretanto, essa estação não dura para sempre!
A Palavra de Deus lembra: “O pranto pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer (Sl 30,5).
E quando tudo permanece imóvel e os dias são iguais, a semente começa a brotar. Nasce no coração uma esperança. A vida ressurge na força dos sonhos e, com eles, a existência se reveste de cores e brilho. É a Primavera chegando, trazendo a beleza de volta. Tudo parece ter um novo sentido e as flores ,, que despontam por todos os lados, dizem com calma que a vida venceu. A Palavra de Deus certifica: A vida venceu a morte (I Cor 15,55).
O tempo passa e, numa determinada manhã, o sol volta a brilhar forte. É o Verão que está chegando e trazendo com ele a luz que amplia a nossa visão, o calor que aquece nossos projetos e a luz que ilumina nossos passos.
É a vida que prevalece. É a vitória, afinal.
Assim, a natureza ensina-nos que quem passa por cada estação sem queimar etapas, chega sempre à vitória e contempla a luz divina. Portanto, seja qual for a “estação” na qual você esteja hoje, acredite: Deus está ao seu lado e o quer vivendo bem. Nos aparentes contrastes, o Senhor costuma nos surpreender com seu jeito sempre novo de nos amar.
Abramos nossos coração ao seu Amor, pois este é mais forte do que a força dos ventos; sua presença traz sentido para nossos dias e sua luz ilumina nossos passos, fazendo-nos caminhar sempre, enquanto saboreamos a beleza de cada estação.
Estamos juntos também nesta descoberta.