A cultura da morte é algo abominante, mas, ainda assim, acontece
Em nossos dias, assistimos a um triste espetáculo (talvez, a uma verdadeira tragédia): a cultura da morte, que está presente no nosso cotidiano, em nossas cidades, nos centros de decisões políticas e econômicas, nos hospitais, na educação, nas famílias, enfim numa mentalidade que, por falta de uma denominação melhor, chamamos de pós-moderna.
A cultura da morte nos apresenta um infeliz elenco de práticas que se prestam para soluções de certos problemas sem-saída: aborto, eutanásia, pena de morte, drogas, violência etc. Esta maneira pós-moderna de pensar gera um estilo de vida próprio, um particular modo de viver: o interesse de cada pessoa está acima dos de outrem.
Em outras palavras, a cultura da morte é a proclamação universal dos direitos utilitaristas, materialistas e egoístas: é uma norma de vida, ou melhor, uma norma de morte para muitos. Tendo esta realidade diante dos olhos, não podemos ficar calados!
Somos discípulos de Cristo e vivemos o Evangelho da vida! Esta boa-nova trazida por Cristo anuncia uma cultura pela vida. O homem foi criado por Deus à Sua imagem e semelhança, dotado de um valor próprio e insubstituível, inteligente e livre para conhecer e amar a seu Criador.
O valor real de cada homem se encontra nos olhos de Deus. Desta feita, toda a vida humana está preenchida e guiada pelo desígnio particular e amoroso de Deus, dado que cada pessoa humana surge de um ato especial da sabedoria e da vontade amorosa da Trindade.
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Não nascemos por acaso. Existimos porque Deus quer. Os questionamentos acerca do sentido da vida sempre estiveram presentes na história humana. Na ótica do Evangelho, portanto, a vida humana possui um valor inestimável por si mesma. O Evangelho de Cristo é o fundamento da cultura da vida.
A vida vale mais. Aos olhos de Deus, nada, em todo o mundo criado, vale mais do que a vida de uma pessoa humana! Hoje, estamos em crise: quem vale mais?
Só para dar um exemplo, gostaria de tocar no doloroso e vergonhoso assunto do aborto. Bem expressou o engano de todo e qualquer argumento abortista o cartaz que assim dizia: Não é uma escolha, é uma criança. Onde está o valor único que aquela pessoa humana ainda não nascida possui diante de Deus?
Que explicação satisfatória poderia ser dada à morte de um nascituro? Todos aqueles que defendem o aborto, com certeza, não desejariam que eles mesmos tivessem sido abortados. No livro do Deuteronômio, lemos: Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade. Escolha, pois, a vida.
Como cristãos, somos impelidos a uma conversão profunda da nossa mentalidade. Temos de abraçar a cultura da vida: nada nem ninguém tem o direito de dispor arbitrariamente da vida de qualquer ser humano. Quem não respeita o direito à vida, não conseguiu ainda ser homem e, muitos menos, ser cristão. Porventura não somos nós os seguidores d’Aquele que disse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’?