O perigo dos atentados contra a vida
Na encíclica Evangelium Vitae, o Santo Papa João Paulo II discorre com um tom profético sobre os vários atentados contra a vida, e ele o faz com a visão de um homem que estava atento aos acontecimentos de seu tempo, e que, inclusive, está carregada de uma atualidade irrefutável apesar dessa encíclica ter sido escrita em 1995. No último parágrafo do item 14 da encíclica, o Santo Papa mostra a gravidade desses atentados e enfatiza que estamos “retornando assim a um estado de barbárie que se esperava superado para sempre.”
Os atentados contra a vida são patologias culturais e sociais que sempre existiram devido ao mau uso da liberdade humana. Assim também foram as práticas contrárias à dignidade da sexualidade e da manutenção da família. Porém, com o passar dos séculos, isso foi cada vez sendo superado, pois a cultura cristã foi ganhando espaço e elevando a dignidade da vida humana, da família e, de maneira muito especial, da mulher.
A cultura da morte e a influência social
Atualmente, o estado de barbárie está retornando não por uma onda cultural espontânea, mas por uma engenharia social que usa, de modo contrário, aquilo que constitui a cultura da vida e da família, que tem seu mais elevado nível no cristianismo. A cultura da morte entendeu que se ela obtivesse o monopólio das ideias, influenciaria a sociedade, e para isso aplicou todos os seus recursos disponíveis em conhecimento, porque, tendo hegemonia sobre a formação das ideias, ela poderia construir novas instituições. A nova ordem social que está se impondo é contrária à própria natureza humana, e opõe-se à verdade. Com isso, a cultura da morte está investindo em uma meta que é irreal e, portanto, está fadada ao fracasso. Entretanto, os efeitos avassaladores são alcançados, porque usa de recursos sofisticados de engenharia social. Por isso, eles estão conseguindo destruir nossa cultura.
Duas correntes no mundo perceberam, entenderam, e para isso estão se empenhando: as fundações internacionais e os intelectuais marxistas. Podemos aprofundar isso depois, mas o que nos é importante saber agora é que tanto as fundações quanto os marxistas, no início do século XX, perceberam que partilhavam do mesmo interesse apesar de a metodologia ser diferente. Ambos queriam uma hegemonia das ideias para uma nova ordem social, porém, as fundações estavam alimentando a ideia de um governo mundial, e os marxistas queriam tomar o mundo com a revolução. Quando ocorreu a queda do muro de Berlim, eles se uniram. As fundações e os marxistas estão juntos no que chamamos de Cultura da Morte.
Quem está por trás e como fazem?
Em 1923, John Rockfeller III institui a Fundação Laura Spelman, a qual se dedicaria aos estudos da sociologia como ferramenta de engenharia social. Em 1923, o relatório anual da Fundação Rockfeller informou que a instituição alimentava a esperança de desenvolver estudos na genética para criar “um tipo superior da espécie humana”. Em 1946, é apresentado à Fundação algumas diretrizes de ações entre as quais estava o estudo do comportamento humano dirigido para “o entendimento dos fatores que modificam ou controlam o comportamento humano“. Devido às burocracias internas da própria Fundação, o pedido foi rejeitado e, por isso, em 1952, John Rockfeller III, com mais 26 especialistas, entre eles Kingsley Davis, fundaram o Conselho Populacional (Population Council), com a finalidade de desenvolver estudos para exercer a engenharia social usando como uma das ferramentas os métodos contraceptivos e abortivos.
Para conseguir a eficácia dos estudos, as Fundações Rockfeller, Ford, Mac Arthur e outras que vão se aliando montam uma comunidade de estudiosos dando bolsas, patrocinando cursos e instituições acadêmicas. Fazendo isso, eles investem no conhecimento para desenvolver teorias de acordo com suas convicções acerca da sociedade. Kingsley Davis, como já vimos, foi um pioneiro dentro da Fundação Rockfeller por conseguir empreender uma forma mais eficaz de desconstrução social, usando da sociologia. Ele escreveu um livro chamado “A sociedade humana”, em que nele é analisado a sociedade como um corpo, e que este é feito de várias instituições, e que para mudar a sociedade, segundo Davis, é necessário desmontar essas instituições vigentes.
É preciso estar atento às mudanças culturais
Adrianne Germain, um ícone do feminismo e que foi aluna de destaque de Davis, consegue convencer sobre a validade das ideias de Davis dentro da Fundação Rockfeller. Então, a partir de 1974, Rockfeller III passa a se encontrar, cada vez mais, com líderes homossexuais e grupos feministas, pois haveria um investimento maciço na mudança dos papéis sexuais dentro da sociedade, alterando a complementaridade sexual e uma perversão do papel da mulher. Assim, começaria uma mudança no comportamento humano, alterações de padrões, de pensamentos acerca do próprio homem fazendo com que este ficasse vulnerável ao controle cultural que a cultura da morte pretendia fazer.
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Em 1990, a Fundação Mac Arthur chega ao Brasil e, durante 12 anos, trabalhou para poder fazer com que valesse todos os estudos desenvolvidos para uma mudança na estrutura social vigente. Foi distribuído pela Fundação mais de 36 milhões de dólares em doações e bolsas no Brasil, para desenvolver estudos nas diretrizes das ideias que as fundações empreendiam desde o início do século XX. Após um trabalho de financiamento e formação, a Mac Arthur saiu do Brasil deixando uma doação de mais de 2 milhões de dólares, para que as instituições por ela estruturadas pudessem continuar seus trabalhos para a legalização total do aborto, para desenvolver a ideologia de gênero, o desmonte da estrutura familiar e tudo o que acompanham essas ideias.
Nota-se que há muitos empreendimentos para mudança de nossa cultura. Devemos estar atentos às consequências atuais de todas essas medidas e teorias engendradas por quem dissemina a cultura da morte. É nosso papel estudar e reivindicar. Que não sejamos presas de interesses internacionais que querem, a todo custo, colocar nosso país na agenda de desmonte cultural. Não podemos aceitar isso, as famílias brasileiras e a Igreja Católica no Brasil precisam acordar e encarar a dura verdade de que algo está muito errado. Aceitar o erro é uma negligência perante Deus e um descuido para o futuro das gerações futuras.
Vitor Rodrigues Costa da Silva; 22 anos; Católico Apostólico Romano;
palestrante pró-vida e pró-família; trabalha com formação doutrinal.