Arquidiocese de Belém está pronta para a realização do XVII Congresso Eucarístico Nacional
Nossa Arquidiocese acolheu a tarefa de oferecer um testemunho vivo da fidelidade ao Senhor e de espírito eucarístico, pelo que preparamos bem os espaços, o coração e a
vida cristã de nossas Comunidades de Igreja. Para preparar a festa do Congresso Eucarístico, decidimos fazer um caminho especial, desejando que brotem rios de água viva em nossa Igreja (Cf. Jo 7,38) e alcançar de modo especial as pessoas mais afastadas.
Da Eucaristia bem celebrada e vivida, brote um povo missionário, Igreja “em saída”, como nos propõe o Papa Francisco. A Arquidiocese de Belém se preparou com intensidade, pois nos cabe grande responsabilidade, ser a Capital Eucarística de nosso país.
Maria, mãe e modelo
Coerentes com a devoção mariana de nossas terras amazônicas, vamos à Casa de Maria, Mulher Eucarística, que nos conduz pelas mãos para o XVII Congresso Eucarístico Nacional. “Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos esquecer Maria, Mãe e modelo da Igreja. Maria pode guiar-nos para o Santíssimo Sacramento, porque tem uma profunda ligação com ele” (São João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, 53). Estamos na Escola de Maria, Mulher Eucarística.
Aproximando-nos de Maria, sugerimos atitudes de fé e propostas de oração a serem vividas por todos os que conosco querem viver o iminente Congresso Eucarístico Nacional, cujo encerramento acontecerá na Solenidade Litúrgica da Assunção de Nossa Senhora.
Na Eucaristia, cada fiel é chamado a acolher a luz da Palavra, como fez Nossa Senhora de Nazaré (Cf. Lc 1, 38); da mesa da Palavra se passa à Eucarística, e na primitiva Comunidade que celebrava a Eucaristia (At 4, 32), após a descida do Espírito Santo, estava presente Maria (Cf. At 1, 14). Depois do encontro com Cristo, acontece o mesmo que ocorreu com Maria, que sai em missão para a casa de Isabel e Zacarias.
Ninguém melhor do que Maria pode servir-nos de apoio e guia diante do Mistério de Fé, que é a Eucaristia. Quando repetimos o gesto de Cristo na Última Ceia, cumprindo seu mandato, ao mesmo tempo acolhemos o convite de Maria a obedecermos a Seu Filho sem hesitação: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2, 5). Aprendemos com São João Paulo II: “Com a solicitude materna nas bodas de Caná, ela parece dizer-nos: Não hesiteis, confiai na palavra do meu Filho. Se ele pôde mudar a água em vinho, também é capaz de fazer do pão e do vinho o seu Corpo e Sangue, entregando a quem crê, neste mistério, o memorial vivo da sua Páscoa e tornando-se assim Pão de vida” (Ecclesia de Eucharistia, 54).
Presença de Maria na Eucaristia
Com São João Paulo II constatamos que a narrativa da instituição da Eucaristia não fala de Maria, mas ela estava presente no meio dos apóstolos, quando se entregavam assiduamente à oração, à espera do Pentecostes. E certamente esteve presente no meio dos fiéis da primeira geração cristã, assíduos à “Fração do Pão”.
Impossível imaginar os sentimentos de Maria, ao ouvir dos lábios de Pedro, João, Tiago e os outros apóstolos as palavras da Última Ceia: “Isto é o meu corpo que será entregue por vós” (Lc 22, 19). Mas Maria é mulher eucarística na totalidade da sua vida. Pratico sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a encarnação do Verbo de Deus. Maria, na Anunciação, concebeu o Filho divino também na realidade física do corpo e do sangue, em certa medida antecipando nela o que se realiza sacramentalmente em cada pessoa que recebe, no sinal do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue do Senhor (Cf. Ecclesia de Eucharistia, 54-55).
Ao longo de toda a sua existência ao lado de Cristo, e não apenas no Calvário, Maria viveu a dimensão sacrificial da Eucaristia. Quando levou o Menino Jesus ao templo de Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor (Lc 2, 22), ouviu o velho Simeão anunciar que o Menino seria sinal de contradição e que uma espada haveria de traspassar também a sua alma (Lc 2, 34-35). Assim foi anunciado o drama do Filho crucificado e prefigurada a cena aos pés da Cruz. Preparando-se dia a dia para o Calvário, Maria vive uma espécie de Eucaristia antecipada, uma comunhão espiritual de desejo e oferta, que terá o seu cumprimento na união com o Filho durante a Paixão, e se manifestará depois, na sua participação na celebração eucarística, presidida pelos apóstolos, como memorial da Paixão (Cf. Ecclesia de Eucharistia, 56).
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Com São João Paulo II aprendemos que existe uma profunda analogia entre o “fiat” pronunciado por Maria, em resposta às palavras do Anjo, e o Amém que cada fiel pronuncia quando recebe o Corpo do Senhor. A Maria foi pedido para acreditar que aquele que ela concebia por obra do Espírito Santo era o Filho de Deus (Cf. Lc 1, 30-35).
Feliz daquela que acreditou! (Cf. Lc 1, 45). No mistério eucarístico nos é pedido crer que aquele mesmo Jesus, Filho de Deus e Filho de Maria, torna-se presente nos sinais do pão e do vinho com todo o seu ser humano-divino (Cf. Ecclesia de Eucharistia, 55). Maria antecipou também, no mistério da encarnação, a fé eucarística da Igreja. E na visitação, quando leva no seu ventre o Verbo encarnado, de certo modo serve de sacrário, o primeiro sacrário da história, para o Filho de Deus, que, ainda invisível aos olhos dos homens, presta-se à adoração de Isabel, irradiando sua luz através dos olhos e da voz de Maria. E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e o estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo de amor a que se devem inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?
No memorial do Calvário, está presente tudo o que Cristo realizou na Sua Paixão e Morte. Por isso, não pode faltar o que Cristo fez com Sua Mãe em nosso favor. De fato, entrega-lhe o discípulo predileto e, nele, entrega cada um de nós: “Eis aí o teu filho”. Do mesmo modo, diz a cada um de nós também: “Eis aí a tua mãe” (Cf. Jo 19, 26-27; Ecclesia de Eucharistia, 57). Viver a Eucaristia implica também receber continuamente este dom. Significa levar conosco, a exemplo de João, aquela que sempre de novo nos é dada como Mãe. Significa assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe, aceitando a sua companhia. Maria está presente, com a Igreja e como Mãe da Igreja, em cada uma das Celebrações Eucarísticas. Se Igreja e Eucaristia são um indivisíveis, o mesmo é preciso afirmar do binômio Maria e Eucaristia.
Por isso mesmo, desde a antiguidade, é unânime a recordação de Maria na Celebração Eucarística (Cf. Ecclesia de Eucharistia, 57). “Ponhamo-nos à escuta de Maria Santíssima. Olhando-a, conhecemos a força transformadora que possui a Eucaristia. Nela, vemos o mundo renovado no amor.
Contemplando-a elevada ao Céu em corpo e alma, vemos um pedaço do novo céu e da
nova terra que hão de se abrir diante dos nossos olhos na segunda vinda de Cristo. A
Eucaristia constitui aqui na terra o seu penhor e, de algum modo, antecipação: “Vem,
Senhor Jesus!” (Ap 22, 20; Cf. Ecclesia de Eucharistia, 62).