Pós-verdade e quase mentira
O critério de validação da verdade é uma prática, quase que comum, nas redações e produções de conteúdo jornalístico no mundo contemporâneo. Agências especializadas na verificação do fato já são tendências até aqui no Brasil.
A enxurrada de notícias falsas veiculadas nos meios de comunicação digital e até nos meios tradicionais (impresso, rádio e TV), por falta de apuração e verificação, tem gerado crise e preocupa o futuro da imprensa pelo mundo.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
O termo que ganhou definição do dicionário Oxford, no final de 2016, tem ganhado espaço para debates e discussões em eventos, universidades e redações pelo mundo afora, ou pelo menos nas Américas e Europa.
No Brasil, na terça-feira, 4 de abril, foi promovido, pela Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), um fórum com o tema: “O papel da mídia brasileira na era da pós-verdade”.
O que significa “pós-verdade”?
Oxford define “pós-verdade” como um adjetivo, “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e às crenças pessoais”.
As eleições americanas e a ascensão de Donald Trump no poder dos EUA, a saída do Reino Unido da União Europeia entre outros são fatores que contribuem para que esse tema ganhe relevância em todo o mundo.
O que fazer? Regulamentar e penalizar vai resolver o problema da disseminação das falsas notícias? O que podemos esperar do futuro da imprensa no Brasil e no mundo?
Enquanto queimo um pouco de neurônios para escrever esse texto e tentar despertar a reflexão dos leitores, quantos outros textos estão sendo publicados nos meios digitais sobre a “Lava-Jato”, “A guerra na Síria” etc.?
Leia mais:
::Como cristãos, somos chamados a viver a ética em tudo
::Entenda a corrupção com base nas palavras do Papa Francisco
::Jovem, não se contente com o que é passageiro
::O peso e a força da palavra no mundo contemporâneo
O projeto de lei 6.812/2017, que tramita na Câmera dos Deputados, aqui no Brasil, caso seja aprovado, vai resolver o problema, uma vez que muitos dos provedores de internet tem servidores em outros países, com outra regulamentações?
Dois dos gigantes da internet – Google e Facebook –, desde o ano passado, têm feito estudos e alterando seus algorítimos para tentar minimizar a proliferação das mentiras ou meias-verdades, que, enfim, geram a pós-verdade, as quais passam por nossas plataformas.
Existe uma solução?
Dentre tantas perguntas que aqui deixo, ninguém até o momento tem todas as respostas; seja o Estado, sejam os produtores da notícia, os cientistas ou seja lá quem for. A resposta virá com o tempo. Só ele vai dizer qual será o fruto: as soluções ou consequências que o mal da pós-verdade vem plantando em nossa geração.
Contudo, talvez não seja a solução, mas um caminho a seguir é a promoção da formação da consciência moral de cada indivíduo que vive em sociedade. Retomar valores que ajudaram a construir a nossa civilização como a religião judaico-cristã, a filosofia grega e o direito romano. Porém, é preciso fazer uma leitura ativa e um senso crítico diante do consumo de notícias, principalmente nos meios digitais, independente do veículo ou empresa de comunicação.
***