A era digital
Na era digital, as redes sociais se transformaram no principal palco para a exposição de nossas emoções. Diariamente, milhões de pessoas compartilham seus sentimentos – alegrias, tristezas, conquistas e frustrações – em busca de conexão e validação. Mas até que ponto essa prática é saudável? Estamos realmente construindo relações significativas ou apenas alimentando uma necessidade compulsiva de aprovação? Este texto analisa como a busca por reconhecimento emocional nas plataformas digitais pode distorcer nossa percepção de identidade e afetar profundamente nosso bem-estar psicológico.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT
A dissociação entre nosso eu real e virtual
As redes sociais nos incentivam a criar versões editadas de nós mesmos. Emoções que antes eram vivenciadas de forma privada ou compartilhadas apenas em círculos íntimos agora são transformadas em conteúdo público, cuidadosamente selecionado para maximizar engajamento. Desenvolvemos assim uma “persona digital” – uma representação idealizada que prioriza ‘likes’ e comentários em detrimento da autenticidade. Segundo estudos psicológicos, esse fenômeno pode levar a uma dissociação entre nosso eu real e virtual. Quando a persona se distancia muito de quem realmente somos, caímos em um perigoso ciclo de dependência da validação externa, onde nossa autoestima passa a ser medida pelo número de interações virtuais.
A busca incessante por validação virtual
Apesar da aparente conectividade, as interações online raramente fornecem o acolhimento emocional que tanto almejamos. Pesquisas mostram que 68% dos usuários ativos relatam sentir solidão após longos períodos nas redes sociais. Curtidas e comentários funcionam como analgésicos emocionais – proporcionam alívio imediato, mas não curam a carência afetiva subjacente. O psicólogo Sherry Turkle alerta: “Estamos sacrificando conversas profundas por meras conexões“. Esse paradoxo explica por que muitos se sentem mais isolados justamente quando mais conectados digitalmente. A busca incessante por validação virtual cria um ciclo vicioso onde a frustração alimenta ainda mais postagens, aprofundando o sentimento de vazio existencial.
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A maturidade emocional
Expressar emoções online não é intrinsecamente negativo, mas requer consciência de seus limites. A maturidade emocional começa quando reconhecemos que nenhuma quantidade de ‘likes’ pode substituir relações autênticas. Terapeutas sugerem práticas como: limitar o tempo de uso, cultivar hobbies offline e priorizar conversas presenciais. A escritora Brené Brown lembra que “vulnerabilidade verdadeira exige coragem, não telas”. Nossa saúde mental depende da capacidade de viver emoções em sua plenitude, sem reduzi-las a ‘posts’ cuidadosamente curados. O caminho para o equilíbrio passa pela redescoberta do valor do silêncio, da introspecção e das conexões que transcendem o virtual.
Conectar verdadeiramente com os outros e com nós mesmos
As redes sociais são ferramentas poderosas, mas não devem ser muletas emocionais. Enquanto a tecnologia avança, nossa necessidade humana fundamental permanece a mesma: ser visto, ouvido e compreendido em nossa totalidade – não apenas através de filtros digitais. O desafio contemporâneo é encontrar o ponto onde a conexão virtual complementa, mas não substitui, as relações humanas autênticas. Como sociedade, precisamos reaprender a valorizar a presença física, o olho no olho e os abraços que nenhuma notificação pode simular. Afinal, a vida mais rica acontece quando desligamos os dispositivos e nos conectamos verdadeiramente – com os outros e, principalmente, com nós mesmos.
Alex Garcia Costa, CRP 06/108306 Psicólogo e Filósofo Especialista em Neuropsicologia, Avaliação Psicológica Clínica, Direito Canônico para Vida Religiosa e Estudante de Sexualidade Humana.