✝️ Terra Santa

O Jubileu do mundo missionário

Promovendo a paz, a justiça e a reconciliação na Terra Santa

Ao nos reunirmos para celebrar o Jubileu do Mundo Missionário, somos lembrados do profundo chamado para servir e socorrer aqueles em extrema necessidade. Em particular, a Terra Santa se destaca como um exemplo pungente de onde a paz e a reconciliação são urgentemente necessárias. Por décadas, essa região tem sido marcada por conflitos, divisões e sofrimentos. É aqui que a missão da Custódia Franciscana da Terra Santa e muitas outras têm atuado como construtoras de pontes, esforçando-se para promover a justiça e fomentar a compreensão entre as comunidades.

Créditos: Custódia Franciscana – Terra Santa.

Gostaria de explorar os desafios significativos enfrentados na Terra Santa, refletir sobre os ensinamentos da Igreja sobre o acolhimento dos marginalizados e considerar como podemos ser sinais eficazes de esperança neste momento crítico e turbulento.

Desafios enfrentados pela Terra Santa

As complexidades da vida na Terra Santa apresentam inúmeros desafios que dificultam a busca por justiça e uma paz duradoura. Vamos examinar algumas das questões mais urgentes:

– A separação familiar é uma das realidades mais dolorosas da vida em zonas de conflito na Terra Santa e nos países vizinhos, levando ao êxodo de pessoas em busca de segurança em outros lugares. Por esse motivo, muitas famílias foram desfeitas pela violência, deslocamento forçado e restrições de viagem. As crianças crescem sem os pais, e os pais suportam a dor de estar longe dos filhos, o que cria traumas psicológicos que podem durar gerações e provocar sentimentos de vingança e retribuição.

Há uma grave falta de moradia e muitos direitos humanos básicos são negados, em particular à população da Cisjordânia e, além disso, aos migrantes e refugiados. A falta de moradia, saneamento, educação e assistência médica adequados agravam ainda mais as dificuldades enfrentadas pela população da Terra Santa e de outros países atendidos pela missão da Custódia da Terra Santa, Líbano, Síria, Jordânia, Egito, Chipre e Rodes, na Grécia.

A ausência de recursos educacionais são contínuos e perpetua ciclos de pobreza e desespero, deixando os jovens com poucas perspectivas para o futuro.

– Preconceito e discriminação continuam sendo forças generalizadas na região. Tensões étnicas e religiosas deram origem à desconfiança e à violência, muitas vezes deixando grupos marginalizados vulneráveis. Essas divisões sociais dificultam a cooperação e a construção de um futuro compartilhado baseado no respeito e na compreensão.

Há uma falta de oportunidades de emprego que agrava as dificuldades enfrentadas por aqueles que vivem na Terra Santa. Com acesso limitado a empregos, muitos são forçados a viver em condições de pobreza. A incapacidade de sustentar suas famílias pode levar a sentimentos de desesperança e ressentimento.

Na Cisjordânia, em particular, há falta de segurança e, às vezes, perseguição injustificada. Em um ambiente onde a segurança é um luxo que poucos podem pagar, indivíduos e famílias frequentemente enfrentam perseguição devido às suas crenças, etnia ou afiliações políticas. Essa atmosfera de medo e incerteza dificulta os esforços para forjar conexões entre comunidades diversas, tornando a paz um objetivo ilusório. Parece haver poucas perspectivas de futuro para muitos jovens na Terra Santa, o futuro parece sombrio. Altas taxas de desemprego e instabilidade generalizada levam a sentimentos generalizados de desesperança entre os jovens. Sem esperança, a possibilidade de reconciliação diminui.

– As barreiras linguísticas podem complicar ainda mais a comunicação e a compreensão entre diferentes comunidades. Essas barreiras dificultam a colaboração e impedem o diálogo eficaz, essencial para construir pontes e promover a reconciliação.

O chamado à ação da Igreja

Para enfrentar os desafios, a Igreja pode oferecer uma estrutura orientadora baseada em princípios bíblicos. Uma passagem-chave que ressoa profundamente encontra-se em Mateus 25:35-40: “Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era estrangeiro e me acolhestes”. Essa escritura nos convida a acolher, proteger, ajudar e integrar os necessitados. Essas palavras nos compelem a tomar medidas concretas em nossa missão, em nosso trabalho de alcance. Somos chamados não apenas a reconhecer o sofrimento, mas a estender nossas mãos e corações para apoiar aqueles que estão lutando. A Igreja pode se esforçar para estabelecer programas que atendam às necessidades imediatas de moradia, educação, saúde e emprego, além de promover uma cultura de aceitação e respeito entre as diversas comunidades.

Acolher pessoas e promover laços comunitários

Para incorporar o chamado, para acolher os marginalizados, as paróquias podem organizar iniciativas que abram portas para aqueles que buscam refúgio. Isso pode incluir oferecer abrigo a famílias necessitadas ou facilitar diálogos comunitários onde as pessoas possam compartilhar suas histórias e experiências. Acolher outras pessoas promove laços comunitários e ajuda a quebrar os preconceitos que alimentam a divisão.

Devemos estar dispostos a proteger e elevar a Igreja para que ela possa proteger e elevar ainda mais os vulneráveis ​​e os mais necessitados, defendendo seus direitos. O envolvimento com organizações locais e internacionais para abordar as violações de direitos humanos é crucial na busca por justiça. A voz da Igreja pode ser uma aliada poderosa na luta pelo fim da discriminação e pelo estabelecimento de políticas que defendam a dignidade humana.

Um sinal de esperança e uma luz na escuridão

A Custódia está em posição de ajudar a integrar pessoas de todas as religiões. Integrar comunidades envolve a criação de espaços onde pessoas de diferentes origens possam trabalhar juntas em prol de um objetivo comum. Isso pode assumir a forma de projetos comunitários colaborativos com foco no engajamento juvenil, como programas de mentoria ou iniciativas de serviço comunitário, permitindo que os indivíduos se reúnam, compartilhem experiências e cresçam juntos.

Créditos: Custódia Franciscana – Terra Santa.

Como um Sinal de Esperança e uma luz na escuridão, podemos refletir sobre a situação atual e reconhecer como nós, como membros da Igreja e da comunidade em geral, podemos contribuir para uma mudança positiva. A conscientização é uma forma eficaz de apoiar os esforços de paz na Terra Santa, e isso se dá por meio da educação e da conscientização. A Custódia administra 19 escolas, todas abertas a todas as religiões. Revistas católicas e outras mídias podem chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas comunidades da região. Ao compartilhar testemunhos poderosos, histórias de esperança e o trabalho dos missionários em campo, podemos inspirar outros a se unirem à missão de paz.

Também podemos lançar campanhas incentivando ações e apoio aos esforços humanitários que visam aliviar o sofrimento na região.

A advocacia é de extrema importância; oferecer caminhos para a advocacia pode capacitar os indivíduos a agir. Fornecer recursos e plataformas que incentivem as pessoas a se envolverem com os formuladores de políticas em relação à situação difícil daqueles na Terra Santa pode amplificar suas vozes.

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A oração, a pedra angular de nossos esforços

A oração, sim, e a oração solidária devem permanecer como a pedra angular de nossos esforços. As comunidades podem organizar vigílias de oração pela paz na Terra Santa, convidando as pessoas a se unirem na fé, na esperança e na solidariedade.

O Jubileu do Mundo Missionário apresenta uma oportunidade de reflexão, ação e esperança. Ao nos envolvermos com os desafios da Terra Santa, lembremo-nos do nosso chamado para sermos faróis de paz e reconciliação, incorporando os ensinamentos de Cristo por meio de nossas ações. Juntos, acolhamos os marginalizados, protejamos os vulneráveis, ajudemos os necessitados e integremos nossas diversas comunidades em uma missão conjunta por justiça e paz. Ao fazer isso, podemos contribuir para um futuro onde a reconciliação prevaleça e a esperança seja reavivada para as gerações futuras.

Fr. JOHN LUKE GREGORY, ofm – Pároco – Santa Maria da Vitória – Rodes – Terra Santa