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Qual a relação da Igreja com a Educação?

Este artigo não pretende responder tal questão na sua totalidade, mas desenhar um viés mais recente acerca do debate. Conforme anunciou a Campanha da Fraternidade 2022, educar é um ato eminentemente humano e, mais do que isso, educar é uma ação divina. Se nos debruçarmos sobre a Palavra de Deus, seja no Antigo ou no novo Testamento, conheceremos a fotografia de um Deus que educa Seu povo com uma pedagogia moderna e humana.

O Antigo Testamento mostra Deus caminhando com Seu povo, compreendendo suas fragilidades, respeitando as etapas do entendimento e alertando diante dos erros. Já no Novo Testamento, encontraremos Jesus Cristo como o grande educador que, com suas palavras e ações, inaugura um caminhar educativo que passa pelo relacionamento humano de qualidade, tendo como resultado conversão, milagres e testemunhos de vida recolhidos do cotidiano das pessoas.

A Igreja Católica, enquanto desejo do coração de Deus Pai na missionariedade do Filho sob a ação do Espírito Santo, nasce sob o prisma da educação. Já em seus primeiros momentos, em Pentecostes, a pedagogia missionária dos Apóstolos desenha-se como um importante método de ensino aprendizagem. Sua comunicação é perfeita: os apóstolos falam, e o povo todo entende em sua própria língua (At 2,6-12).

Qual a relação da Igreja com a Educação?

Foto ilustrativa: Visual Generationby Getty Images

Educação da fé

Foi essa pedagogia que iluminou a educação da da Igreja nestes dois mil anos. Para a Igreja, educar não é um ato isolado. Conforme diz o Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2022, educar é “tarefa da própria pessoa, da família, da escola, da Igreja e de toda a sociedade”.

O Concílio Vaticano II, através da Gravissimum Educationis, delineou a responsabilidade da Igreja na educação e no progresso dos povos, “visto que a santa Mãe Igreja, para realizar o mandato recebido do seu fundador de anunciar o mistério da salvação a todos os homens e de tudo restaurar em Cristo, deve cuidar de toda a vida do homem, mesmo da terrena, enquanto está relacionada com a vocação celeste, tem a sua parte no progresso e ampliação da educação” (GE.1).

Entendendo a educação como missão divina, o Concílio afirma: “pertence à Igreja o dever de educar, não só porque deve também ser reconhecida como sociedade humana capaz de ministrar a educação, mas sobretudo porque tem o dever de anunciar a todos os homens o caminho da salvação, de comunicar aos crentes a vida de Cristo e ajudá-los, com a sua contínua solicitude, a conseguir a plenitude desta vida” (GE n.3).

A construção do ser humano

Como Novo Povo de Deus, a Igreja assume e anuncia a educação como dimensão constitutiva do ser humano. Sob esta compreensão, “a Igreja é obrigada a dar, como mãe, a estes seus filhos aquela educação, mercê da qual toda a sua vida seja imbuída do espírito de Cristo; ao mesmo tempo, porém, colabora com todos os povos na promoção da perfeição integral da pessoa humana” (GE n.3).

Apesar de toda responsabilidade educativa da Igreja, ela entende que existe uma hierarquia na dinâmica da educação. Nesta escala de responsabilidades, “o dever de educar, que pertence primariamente à família, precisa da ajuda de toda a sociedade […]; é pela família, enfim, que eles são, pouco a pouco, introduzidos no consórcio civil dos homens e no Povo de Deus” (GE n.3).

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A preocupação da Igreja com a educação

Outro lugar importante da educação é a escola, “enquanto cultiva atentamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar retamente, introduz no patrimônio cultural adquirido pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara a vida profissional, e, criando entre alunos de índole e condição diferentes um convívio amigável, favorece a disposição à compreensão mútua; […], as famílias, os professores, os vários agrupamentos que promovem a vida cultural, cívica e religiosa, a sociedade civil e toda a comunidade humana” (GE n.5).

Como se pode notar, a Igreja se preocupa com todos os meios de educação, desde a catequese paroquial até os meios de comunicação social, as múltiplas organizações culturais e desportivas, mas sobretudo as escolas. A Igreja está cada vez mais convicta de que o processo educativo é um ecossistema que envolve todas as instituições, extratos e camadas sociais. É preciso mudar o olhar sobre a educação! Educar é missão e obrigação de todos, pois não se educa verdadeiramente de maneira fragmentada, mas total e integralmente como quer o Papa Francisco no Pacto Educativo Global.

Equipe Formação Canção Nova