Tantas lágrimas derramei nos outonos da minha vida por causa das perdas que vivi e das saudades que precisei encarar e nomear! Clamava pela primavera, querendo que o tempo se adiantasse para poder contemplar, logo, as flores e as alegrias que me esperavam. No entanto, descobri que só contempla a primavera quem é capaz de esperar o tempo certo chegar.
Debati-me, chorei, lutei contra o tempo, pois a rigidez e a solidão do inverno eram demasiadas dolorosas. Na verdade, meu coração não queria viver as dores próprias desse tempo de espera. Que imaturo seria saltar de estação em estação sem querer enfrentar as dores próprias de cada tempo!
Como viver uma vida plena sem enfrentar as dores e as perdas necessárias? Perdas essas que vão além de coisas ou pessoas, mas perdas interiores, de conceitos e julgamentos. Perda da forma errônea de enxergar a vida.
A primavera é a estação das flores e do renascimento
Talvez, os invernos e os outonos sejam difíceis e exigentes, porque nós nos conformamos com a mesmice do mesmo olhar.
Hoje, aprendi que a beleza da primavera está em viver bem cada estação da alma.
Há sempre esperança, há sempre flores no meio dos invernos, há sempre um sorriso, um motivo que nos faz prosseguir, pois como diz São João Maria Vianney, a alma unida a Deus sempre vive uma primavera.
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Viver a beleza de cada estação
Falo por experiência que não devemos querer adiantar ou apressar as estações; existem belezas, flores e conquistas em cada uma delas. Faz-se necessário, no entanto, enxergar com os olhos do coração, pois só se vê bem com eles, como dizia Antoine Saint-Exupéry.
Assim, descobri – no outono, no inverno e até no verão da minha vida – que existe sempre uma primavera pronta a surgir, basta abrir os olhos da fé! Afinal, sempre há jardins para desbravar!