Quanto mais faço a experiência de conhecer as pessoas, mais acredito no ser humano. À medida que vou me descobrindo e descobrindo os outros, mais se torna forte em mim a certeza de que as pessoas são boas. Todos recebemos de Deus muitas capacidades e podemos fazer coisas boas, todos somos capazes de acertar. O homem é uma criatura fantástica, dotada de inteligência, bondade, sensibilidade entre outras virtudes que, se estimuladas de maneira certa, assumem uma fecundidade surpreendente.
Acredito que ninguém erra porque quer, ninguém é infeliz querendo ser, com consciência disso. Todos querem ser felizes, é impossível que alguém goste de ser frustrado, mas nem todos sabem realmente qual caminho trilhar para alcançar a felicidade.
A mentalidade vigente (paganizada e hedonista) ilude por demais as pessoas. Tem gente vivendo o adultério, os vícios etc., acreditando cegamente que está certo, que está no caminho da felicidade, porque aprendeu, a vida inteira, que o que vale é somente o prazer “a todo custo”, e que é somente este que vai lhe trazer a autêntica alegria.
As pessoas são um conjunto de experiências
A mídia secularizada (e consequentemente paganizada) nos formou, fazendo-nos acreditar que precisamos viver somente o agora (pragmatismo), buscar o prazer agora, sem pensar no amanhã, criando assim uma geração (em grande parte) irresponsável e frustrada, porque, ao buscar uma alegria num imediatismo inconsistente, só encontrou insatisfação e, evidentemente, colhe hoje os terríveis frutos de sua infeliz busca.
É necessário avaliar a formação familiar de cada indivíduo. É difícil para um pai, que foi educado à base de pancadas, entender que é com amor que se educa um filho, e mesmo quando ele entenda, é necessário um esforço enorme para que consiga traduzir em gestos o amor. Para quem nunca recebeu amor, amar e deixar-se amar é uma violência, ainda mais se tal pessoa não tem uma experiência do amor de Deus.
Pessoas que tiveram histórias duras, de desamor, muitas vezes até tentam amar, mas não conseguem; tentam externar o amor, mas acabam por encontrar-se encarceradas no território da própria limitação. Pessoas assim amam como podem, como hoje são capazes. Uma resposta dura pode ser uma forma de amar, imperfeita sim, mas pode ser uma manifestação de amor. Muitos dos que hoje são considerados ruins, o são por causa das condições e influências que sofreram, outros também sentem-se como que obrigados a serem assim, por medo de serem massacrados pela vida e pela sociedade.
Seres humanos são cheios de experiências
Há quem acorde de madrugada, trabalhe o dia inteiro, depois enfrente o trânsito estressante de uma grande cidade e, quando chega em casa, à noite, não consegue ser gentil com os seus como gostaria de ser. Entenda-se bem: nossos problemas não podem servir de justificativas para nossos erros, mas não se pode negar que esses são fatos que influenciam nosso comportamento. Isso nos leva à compressão do ser humano em suas diversas características, não encobrindo suas fraquezas, mas focando-o com mais misericórdia e paciência diante de seus limites naturais.
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Ser cristão
Compreendo que viver bem o Cristianismo é lutar, cotidianamente, para entender as pessoas sem fixar-se na superfície, na aparência, procurando compreender o porquê de cada atitude, de cada reação. Mais uma vez, ouso dizer: ninguém é ruim porque quer, existem fatores condicionantes que levam as pessoas a serem o que são, fatores que podem ser desmistificados e até mesmo extirpados com um pouco de paciência e compreensão. Todos são bons, mas nem todos sabem disso.
Eis aí uma bela forma de ser cristão: levar ao ser humano a consciência do valor que se tem, fazendo-o acreditar na vida e nas próprias potencialidades. Assim, daremos à esperança o direito de se estabelecer vitoriosa, dando à vida a oportunidade de ser mais feliz.