O ano é 2024, mas, mesmo frente a tanta exposição da mídia, de possibilidades, de tratamentos e de uma liberdade de expressão, parece que ainda temos dificuldade de partilhar questões que envolvem a nossa saúde mental.
Talvez porque não consigamos expressar ou porque as pessoas não estejam preparadas ou porque pode ser que seja difícil compreender algo que se sente, mas não se vê: como uma fratura ou uma queimadura no corpo.
Da mesma forma, tais situações são sim, dolorosas, não menos importantes ou incapacitantes, e podem acontecer com qualquer pessoa, seja ela uma pessoa jovem ou idosa que tenha ou não a prática da espiritualidade, um trabalhador, um padre, uma freira, enfim, não existe uma pessoa escolhida ou algo como se fosse um castigo para aqueles que vivem essas situações.
Seja acolhedor
Muitas vezes, nossa fala no sentido de confortar ou apaziguar o outro é que diretamente acaba calando aquele que busca ajuda. Digo isso porque frases como “isso vai passar”, “será que você não precisa rezar mais”, “mas também, olha o que você faz; deveria fazer isso” acabam culpando mais a pessoa adoecida do que ajudando. Alguém que sofre as dores da alma necessita de acolhimento, de escuta empática, até mesmo de um apoio para buscar ajuda médica e psicológica.
Quando falo ajuda especializada, falo de psicólogos e psiquiatras, profissionais especializados na ajuda técnica àqueles que trazem situações no campo emocional, tal como depressão, ansiedade, pânico, vícios. Até usamos frases como: “viajar é uma terapia, sair com amigos é uma terapia, fazer compras é terapia”; na verdade, tudo isso são formas de alívio do cansaço, de estar com pessoas, mas não substitui escuta e atendimento técnico especializado.
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Pontos de apoio e confiança
É importante que sua família saiba o que você está vivendo, mas talvez você não encontre apoio nela. Amigos também são um ponto de apoio. Um sacerdote amigo, alguém do seu grupo de oração, enfim, alguma pessoa com a qual você tem confiança e possa se abrir, pode ser o primeiro passo a ser dado na busca de ajuda, mesmo que você acredite não ser capaz de lidar com suas dificuldades. Pode ajudar-lhe a escolher um médico ou psicólogo; e até mesmo lhe acompanhar.
Algo é certo: não tenha medo de assumir que algo não vai bem. Claro que você, assim como eu, tem responsabilidades; e não é fraqueza admitir que algo não vai bem, mas é tempo, sim, de buscar apoio.
O custo deste tipo de sofrimento é maior do que calar-se. Claro que muitas questões pessoais podem estar envolvidas nesta descoberta e realidade de assumir, mas lembre-se que: para ajudar aqueles que dependem de você, também é necessário que você busque ajuda para estar bem.
Estejamos atentos a nós e àqueles que convivem conosco e podem necessitar de uma palavra, um apoio, um sustento emocional neste momento.