“A sexualidade é um componente fundamental da personalidade, um modo de ser, de se manifestar, de se comunicar com os outros, de sentir, expressar e de viver o amor humano” (Orientações educativas sobre o amor humano – Linhas gerais para uma educação sexual, nº 4).
Faça-se a distinção entre sexualidade e genitalidade. Aquela caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, mas também no psicológico e espiritual; os dois sexos, diferentes como são, foram concebidos pelo Criador para se completar mutuamente (cf. nº 5).
Quanto à genitalidade, ela se prende à procriação; é a expressão máxima, no plano físico, da comunhão de amor existente entre dois cônjuges. Desvinculada do contexto de dom recíproco, perde seu significado; revela egoísmo e vem a ser desordem moral (cf. nº 5).
A sexualidade deve ser orientada para o amor, que a torna autenticamente humana; ela só se realiza em plenitude onde há maturidade afetiva e dom total de si mesmo (cf. nº 6).
É à família que, antes do mais, toca a função de ministrar educação sexual aos filhos
Em nossos tempos, a insegurança no tocante à sexualidade e à divergência de orientações correntes exige a prática da educação sexual (cf. nº 7-8).
Essa encontra dificuldades tanto por parte de pais e educadores, que não se julgam preparados para isso, como por parte das escolas, que não raro se limitam à informação científica, sem ministrar a formação integral. Na verdade, trata-se de tarefa complexa, que envolve elementos fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, socioculturais (…) (cf. nº 9-11).
O magistério da Igreja tem-se pronunciado gradativamente sobre o assunto. O Concílio do Vaticano II, na sua Declaração Gravissimum Educationis, nº 7, formulava votos para que os educandos “se beneficiem de uma educação sexual positiva e prudente à medida que vão crescendo” (idem, nº 14).
A família é, sem dúvida, o ambiente privilegiado para a realização de tal tarefa, pois nela se cultivam de modo especial o respeito e a benevolência à pessoa humana (cf. nº 15s).
Leia mais:
.: Educação Sexual: assunto em família
.: Educação não é apenas um direito, mas dever gravíssimo que cabe aos pais
.: Quando falar de sexo com os filhos?
.: Como contribuir com a sexualidade de nossos filhos?
A sexualidade, para ser plena e devidamente vivida, requer outrossim o cultivo da castidade, que implica domínio de si, capacidade de orientar o instinto sexual para o serviço do amor e de integrá-lo no desenvolvimento da personalidade (cf. nº 18).
Responsabilidade na prática da educação sexual
Como dito, é à família que, antes do mais, toca a função de ministrar educação sexual aos filhos. Os pais procurarão colaborar com os educadores, de modo a acompanhar os filhos num diálogo adaptado à idade e ao desenvolvimento de cada um (cf. 48-51). Esta tarefa só poderá ser executada com êxito se os mais velhos souberem cultivar os valores morais e transmiti-los aos jovens; “os valores morais vividos pela família são mais facilmente transmitidos aos filhos” (cf. nº 52).
À escola cabe função particular na educação sexual. Devendo continuar a missão da família, ela apresentará às crianças e aos jovens a sexualidade “como valor e tarefa a cumprir” (cf. nº 69). A educação sexual oferecida pela escola “não pode ser reduzida a mera matéria de ensino ou a conhecimentos teóricos; ela não consiste num programa a ser transmitido progressivamente”, mas visa a suscitar ” a maturidade afetiva dos alunos, o autodomínio e o comportamento equilibrado nas relações sociais” (cf. nº 70).
A educação sexual há de ser, via de regra, individual, entregue aos cuidados de pessoa que “tenha maturidade afetiva, senso de pudor e sensibilidade apurada para iniciar a criança e o adolescente nos problemas do amor da vida sem perturbar o seu desenvolvimento psicológico” (cf. nº 71).
Fonte: ORIENTAÇÕES EDUCATIVAS SOBRE O AMOR HUMANO – LINHAS GERAIS PARA UMA EDUCAÇÃO SEXUAL