Relacionamento

Um escudo para os nossos relacionamentos

Castidade é mais que é um escudo, é a expressão do amor

Uma verdadeira amizade em Cristo não é governada pelos instintos nem motivada por interesses, mas é uma escolha mútua, que tem valor por si mesma. Os amigos em Cristo se unem no amor recíproco em favor dos outros. Não são fechados em si mesmos. Toda amizade precisa ser purificada; e algumas coisas podem destruí-la: injúria, calúnia, arrogância (o que impede a correção) e a traição.

Um santo diz que se acontecer de você ser agredido por um amigo, que você deve suportá-lo até que o possa. Assim você vai render honra à velha amizade. A amizade verdadeira, de fato, é eterna. Quem é amigo sempre ama. Devemos nos preocupar com o bom nome do amigo e não revelar jamais os segredos dele; mesmo que ele tenha revelado os nossos.

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Foto: by Getty Images

Castidade

Hoje, eu gostaria de falar de um assunto diferente, ainda dentro do plano da amizade, que é fundamental para todas as idades. Queria falar de uma amizade, que é um fruto do Espírito Santo. Queria falar – com a Santíssima Virgem como nosso modelo – da amizade à castidade. Pois não podemos pensar num mundo novo sem a castidade. Esse mundo, que está aí, está desmoronando por falta dessa virtude. E um dos sinais é que ele está perdendo o sentido da vida, que é Deus e o amor. E qual é a coroa do amor? A castidade. Aquela pedra de toque que dá potência ao amor e o leva à plenitude.

A castidade é um escudo para os nossos relacionamentos. Mais que um escudo é uma expressão do verdadeiro amor. Ela nutre e potencializa o amor. Quando falta essa virtude [castidade], o amor perde a força em nós e nos tornamos presas fáceis do desamor, da violência e da degradação. A castidade é um segredo que os jovens cristãos têm para a sua vida; no entanto, o mundo de hoje perdeu a beleza dessa virtude nobre. Ela [castidade] é vista como um tabu, moralismo, preceito, obrigação.

Quem é casto ama por inteiro, não se dá por partes. Sabe por que o mundo perdeu o sentido da castidade? Porque perdeu o sentido de quem é Deus e quem é o amor. Portanto, como o mundo não sabe quem é Deus – e Deus é amor – não sabe o que é amor. E como não sabe quem é Deus, também não sabe quem é o homem. Porque só Deus pode revelar quem é verdadeiramente o homem.

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Ato de amor

O homem não é separado. Contudo, é isso que o mundo faz hoje com ele, ou seja, o separa. Começa a usar o corpo com um princípio utilitarista, como se “nosso corpo” não fosse “nós”, como se pudéssemos separá-lo. Dessa forma, começa-se a pensar: “Eu posso usar meu corpo para me autossatisfazer egoisticamente (que é o pecado da masturbação, por exemplo, como se isso não ferisse o que somos por inteiro). E posso também usar o corpo dos outros para o meu bel-prazer; posso ficar com quantas meninas eu quiser numa noite (e vice-versa, as meninas também podem ficar com quantos quiserem). Meu corpo é apenas algo que eu uso como uma borracha, um lápis”.

Parece que nós nos enganamos. Cada união íntima de corpos é como um pedaço de você dado ao outro, porque seu corpo está intimamente ligado à sua alma. Em cada relação sexual feita fora do matrimônio, não pense que você está dando e recebendo prazer. Engano. Em cada relação sexual assim você está dando um pedaço de você para sempre àquela pessoa.

A castidade é um grande dom, que faz com que compreendamos a unicidade do nosso ser. Esse abraço, essa boca e esse beijo sou eu. Se eu vivo no pecado, eu me destruo e destruo os outros.

Por isso, meu irmão, o meu e o seu corpo não foram criados para um prazer egoístico, para a sensualidade que fere o nosso ser. A presença da castidade gera felicidade, dignidade, grande capacidade para amar, para se doar – não por pedaços –, mas para se doar por inteiro, como Jesus se deu na cruz. Hoje, vemos um mundo que despreza a beleza da castidade. Por isso, as consequências são tão graves.

Por isso, o “ficar” não deixa de ser um tipo, um certo nível de “prostituição”. Nos namoros avançados é valorizada mais a relação física. Sem uma relação profunda de amizade durante o namoro, não vai existir um matrimônio verdadeiro e feliz. E, infelizmente, como não priorizamos essa virtude [a amizade] nesse tempo [namoro], nós temos, por consequência disso, matrimônios imaturos, inseguros, muitas vezes, gerados por relações sexuais pré-matrimoniais. E assim vamos vendo os frutos nas nossas casas, nas nossas famílias. Vamos vendo uma sociedade que reivindica a regularização e a aceitação do adultério.

Onde começa essa deformação do mundo?

Quando se despreza a castidade. Como podemos ser amigos da humanidade com uma sociedade que despreza a castidade? Como amigos de Deus e como amigos dos homens, nós somos chamados a testemunhar e a proclamar a beleza da castidade. E como é que podemos testemunhá-la e proclamá-la? Em primeiro lugar, com matrimônios castos, abertos para a vida. Precisamos de jovens que se disponham a viver namoros castos. Precisamos pedir essa graça a Deus.

Aos jovens que vivem uma luta desigual em relação à castidade, convido-os a virem ao encontro da Santíssima Virgem Maria, que é toda bela e casta. Ela deu Jesus ao mundo pela sua virgindade. Ela pode fazer você um jovem casto, virgem, puro, dando Jesus ao mundo pelo olhar, pelas mãos, pela Palavra. Se você quiser ser um jovem casto, venha até aqui serenamente, até os pés dela.

“Maria, santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos”.

Moyses Azevedo
Fundador da Comunidade Shalom