É preciso se converter a cada dia

Domingo, 20.03.04, pela manhã estávamos começando a tomar café, havíamos acabado de sair da missa, passamos na padaria para comprar um pão Italiano e fomos para casa. De repente, minha esposa diz: “Posso chamar o Márcio para tomar café conosco?” (O Márcio mora na casa ao lado com mais outros 5 rapazes, vivemos em comunidade). Eu disse, meio a contragosto: “Se for só ele, pode”. De repente entra a minha esposa de volta, dizendo: “Os rapazes estão vindo aí”. Eu disse: “OS RAPAZES, MAS EU NÃO DISSE QUE ERA PARA VIR SOMENTE O MÁRCIO?!” Vieram todos e eu fui tremendamente desinstalado no meu egoísmo, no meu ser anti-comunitário; eles vieram todos felizes e cheios da alegria fraterna para desinstalar o Waldir. É claro que eles não sabiam disso, mas tive um momento de morte naquela manhã; morreu mais um pouco do homem velho, um homem egoísta, que não gosta de partilhar. Imagina só, comeram o meu pão todo!

Meu Deus, quanta miséria existe dentro deste coração; quanta coisa precisa acontecer para que eu seja uma pessoa melhor; quantas coisas ainda resisto tanto para deixar que o Senhor mude o meu duro coração; quanta falta de amor ainda existe em mim. Eu preciso de ajuda para ser alguém melhor, mais amável, mais alegre, acolhedor, sem medo de perder o meu espaço. Percebi que quando penso muito no meu espaço, não dou ao outro, espaço para chegar até mim. Agradeço ao meu amado Deus que me molda e forma, segundo a Sua vontade e, à minha amada esposa que permanece firme na sua missão de me fazer um homem melhor, mais santo. Se ela assim não o fizesse, eu seria um consagrado medíocre, que não viveria nada do que fala.

Posso dizer que, hoje, sou um homem melhor que ontem, porque morreu mais um pouco aquilo que tenta me dominar e, nasceu mais um pouco daquilo que quer me salvar. Vale a pena viver em comunidade e se deixar moldar por Deus, não é fácil, mas vale a pena. Se soubéssemos acreditar que Deus nos forma na escola da vida, não ficaríamos reclamando quando este tipo de situação acontecesse. Eu fui contrariado, fiquei bravo, irritado, comi pouco do pão, mas foi o remédio que eu precisava; eu precisava dos meus irmãos, de sua partilha, alegria, presença, precisava da vida fraterna. É preciso crescer… O pão não foi o maior problema, o egoísmo sim, este precisa morrer, afinal de contas, DEUS ME FEZ PARA OS OUTROS.