Lembro-me quando era criança e pensava em algo “diferente” para minha vida, partilhava esse sentimento com minhas pequenas amigas enquanto brincávamos no sítio do papai. Dizia para elas que queria ser algo mais, mesmo sem saber explicar o quê. Apesar de sempre brincar de casinha e ser bem caprichosa no ofício de “mãe e dona de casa”, tinha certeza que minha vida não devia se resumir por aí. Na verdade, eram sonhos, e eu sempre sonhei!
Sonhava em ir para escola, fui! Continuei sonhando. Agora, com os meus quinze anos, vivi intensamente e continuei sonhando. Dessa vez, com os dezoito, queria ser maior de idade, independente… Ufa! Cheguei lá e até passei, mas continuo sonhando. Compreendo que meu sonho de criança – “ser algo mais” – diz da minha vocação. Sou missionária e meu chamado não tem limites! Já me disseram que tenho traços de águia. Gosto dessa comparação! Li certa vez: “Quem para de sonhar deixa de viver”. Quero continuar sonhando, pois quero continuar vivendo. Os sábios nos ensinam que a arte de ser feliz é um longo aprendizado.
Somos os sonhos que sonhamos
À medida que aprendemos a viver bem, construímos a estrutura de nossa felicidade. O pássaro não constrói seu ninho em dois minutos. Tudo é uma questão de sonho, expectativa, perseverança, paciência, e, é claro, ação! Diz o poeta: “A perseverança tudo alcança no tempo, a caminho da eternidade”. Acredito que, durante nossa vida, sonho e realidade andam de mãos dadas.
Padre Roque Schneider diz em um de seus escritos: “A virtude mora no centro, no meio; nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Os grandes homens realizam mais e melhor em qualquer setor ou atividade humana, porque são organizados, internamente libertos, disciplinados. Sabem ser sérios, responsáveis no momento exato. Sabem desligar, descontrair-se e sorrir quando a necessidade o exige”. Eu diria ainda, sabem sonhar e enfrentar a realidade quando a necessidade o exige!
“Nenhum ser humano é só tristeza ou só alegria, sempre bondoso e cordial, constantemente agressivo e mal, graça e pecado digladiam-se dentro de nós, do berço à sepultura”, diz ainda padre Roque.
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Sol e chuva, inverno e verão, luzes e sombras, saúde e doença, profissão e família alternam-se em nosso cotidiano. É bom que seja assim! Sonho e realidade nos levam entre a pressa, o entusiasmo, trabalho e o lazer. Enquanto o tempo passa, vamos percebendo que somos o que sonhamos.
Não temos o direito de parar de viver nem de sonhar! Que Deus conduza nossos sonhos e nos leve à ação.