Quarto mandamento da lei da Igreja

      O Quarto Mandamento da Lei de Deus ao preceituar que se honre pai e mãe tem uma abrangência maior do que comumente se pensa. É claro que, antes de tudo, cumpre reverenciar os pais que são os representantes por excelência do Criador junto dos filhos. Como, lembra, porém São Paulo, toda autoridade vem de Deus (Rm 13,1). Deste modo, este preceito abrange deveres para com os tutores, professores, patrões, a pátria e para com todos os que governam (Hb 13,17). No que diz respeito à sociedade doméstica há quatro ordens de relações. Em primeiro lugar os deveres dos filhos, inclusive os adotivos. Devem estes a seus pais um grande amor que é fruto da piedade filial. Ensina Santo Tomás que esta dileção é análoga ao que temos para com o Ser Supremo. Cumpre seja um amor afetivo e efetivo que se manifesta em palavras e obras, apartando os maus tratos e supondo uma assistência total; sobrenatural, isto é, em Deus e por causa de Deus. Além do amor, cumpre o respeito interior e exterior no cumprimento do que prescreve a Bíblia: “Honra teu pai de todo teu coração (Ecl 7,29); “Honra tua Mãe durante toda tua vida (Tb 4,3). Imprescindível é a obediência: “Filhos obedecei em Deus a vossos pais como é justo” (Ef 6,1). Cristo deu o exemplo, pois, enquanto homem, era submisso a Maria e José (Lc 2,51). É preciso ainda a gratidão, flor que nasce nos corações nobres de filhos bem formados. É necessária, outrossim, a veneração, para com os pais idosos através do exercício da paciência, evitando-se toda rudeza e implicância, prestando-lhes toda atenção em qualquer circunstância. A Bíblia alerta que “um filho tolo é um desgosto para o pai e amargura para aquela que o gerou” (Pv 17,25). Deus promete recompensa apenas para os bons filhos: “Dá ouvido à autoridade de teu pai e não esqueças os conselhos de tua mãe; assim terás graça sobre a tua cabeça e um colar para o teu pescoço” (Pv 1,8).

      A pais e mestres nunca se dirigem palavras ásperas, injuriosas, ofensivas, violentas. Um bom filho, além disto, afasta sempre os rótulos restritivos e depreciativos referente a seus pais, mas procura, isto sim, o seu louvor sincero. Os filhos podem expor seus pontos de vista, mas sempre no momento oportuno. Disponibilidade e confiança devem também marcar o relacionamento com os pais. Será diuturnamente acertado, sobretudo para os jovens, modificar a pergunta: “ Será que meus pais me entendem? Trocar para: “Será que eu entendo meus pais”? Nunca se deve esquecer que a família é uma “Igreja doméstica” na qual grandes virtudes devem ser ininterruptamente praticadas. Então haverá crescimento com a convivência diária no lar. Nada de viver num eterno clima de reclamação. Um gesto de compreensão pode ter o peso de um quilo, mas a atitude agressiva, certamente, pesará uma tonelada! Há sempre, porém, novas formas de tratar os pais com os quais se convive. O bom filho nunca fecha as portas de seu coração para seus progenitores. Os filhos só obterão, realmente, as bênçãos do céu se observarem em tudo o quarto mandamento. Se os filhos deixassem na porta de suas casas suas frustrações, haveria muito mais carinho para com os pais! Na sociedade civil é preciso também respeito às autoridades, cooperando cada um com o progresso da cidade e se interessando pelo bem comum. Na sociedade religiosa é mister todo amor e obediência à Igreja que é Mãe espiritual. Quem tem amor e respeito para com os seus pais e superiores civis ou eclesiásticos, abençoado por Deus, conhecerá vitórias esplendorosas neste mundo garante a Bíblia ! (Pv. 21, 28)

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana – Mg