O Anjo do Senhor anunciou a Maria (…)
“Quem vai nascer d’Ela é o Filho de Deus. Por isso, Ela será chamada Mãe do Senhor”. O anjo usa a linguagem dos profetas do Antigo Testamento, em suas profecias messiânicas, para iniciar suas palavras com um convite à alegria, garantindo a ajuda de Deus à Virgem escolhida para a mais alta missão. Maria é objeto das complacências divinas: o Senhor está com ela, “encontrou graça aos olhos do Altíssimo”, será Virgem e Mãe de Deus.
“Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4), mas, para “formar-lhe um corpo”, quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26-27).
Quis o Pai das Misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, “assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida” (Cat. n.488).
Para ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”. Para poder dar o assentimento livre de sua fé ao anúncio de sua vocação, era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da graça de Deus.
A Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, foi redimida desde a concepção. É Imaculada. O Papa Pio IX proclamou o dogma em 1854: “A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original”.
Os padres da Igreja no Oriente chamam a Mãe de Deus de “a toda santa” (“Pan-hagia”), “imune de toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo e formada como uma nova criatura”. E a Igreja ensina que, pela graça de Deus, Maria permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de toda a sua vida.
A obediência e a integridade virginal de Maria
Ao anúncio do Arcanjo, Maria respondeu com a “obediência da fé”, certa de que “nada é impossível a Deus”: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lc 1,37-38). Como diz Santo Irineu, “obedecendo, fez-se causa de salvação tanto para si como para todo o gênero humano”. “O nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade, a Virgem Maria desligou pela fé”. “Veio a morte por Eva e a vida por Maria”.
Como disse Santa Isabel, sob o impulso do Espírito, Ela é “a Mãe de meu Senhor” (Lc 1,43). Aquele que ela concebeu do Espírito Santo como homem é o Filho eterno do Pai, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos).
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A Igreja confessa a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo “não a diminuiu, mas sagrou a integridade virginal” de Sua mãe. A Liturgia da Igreja celebra Maria como a Aeiparthenos, “sempre virgem”.
Jesus é o Filho Único de Maria, mas a maternidade espiritual dela se estende a todos os homens que Ele veio salvar: “Ela gerou Seu Filho, do qual Deus fez “o primogênito entre uma multidão de irmãos” (Rm 8,29), isto é, entre os fiéis, em cujo nascimento e educação ela coopera com amor materno.