Cada vez que começamos a orar a Jesus, é o Espírito Santo que, por sua graça previdente, nos atrai ao caminho da oração. Se ele nos ensina a orar recordando-nos Cristo, como não orar a Ele mesmo? Por isso, a Igreja nos convida a implorar cada dia o Espírito Santo, sobretudo no início e no fim de toda ação importante.
Se o Espírito não deve ser adorado, como é que ele me diviniza pelo batismo? E se ele vede ser adorado não deve ser o objeto de um culto particular? (Catecismo da Igreja Católica)
Comentário:
– A primeira e mais excelente forma de vida interior é a oração. Os doutores mestres espirituais estão tão convencidos disto que, freqüentemente apresentam a vida interior como vida de oração. Desta vida, o principal autor é o espírito santo, como já o era em Cristo. Lemos, com efeito, no Evangelho de Lucas: Neste mesmo instante (Jesus) estremeceu de alegria sob a ação do espírito santo e disse: Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra (Lc 10,21). É uma oração de louvor e de agradecimento que, segundo o Evangelista, brota daquela alegria de Jesus no Espírito Santo.
Na realidade, sobretudo no ensinamento de São Paulo, o Espírito Santo aparece como o autor da oração cristã. Antes de tudo, porque incita à oração. É ele que gera a necessidade e o desejo de cumprir aquele vigiai e orai, recomendado por Cristo, especialmente na hora da tentação, porque o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26,41).
O Espírito Santo está na origem da oração, que reflete do modo mais perfeito a relação existente entre as Pessoas divinas da Trindade: a oração de glorificação e de ação de graças, com que se louva o pai, e com Ele o Filho e o espírito Santo. Esta oração estava nos lábios dos Apóstolos, no dia do pentecostes, quando anunciavam as maravilhas de Deus (At 2,110. O mesmo acontece na casa do centurião Cornélio, quando, durante o discurso de Pedro, os presentes receberam o Dom do espírito Santo e glorificavam a Deus (cf. At 10,45-47).
São Paulo interpreta esta primeira experiência cristã, tornada patrimônio comum na Igreja primitiva, quando na Carta aos Colossenses, depois de Ter desejado que a palavra de Cristo habite em vós ricamente (Col 3,16), exorta os cristãos a permanecerem na oração, cantando, sob a ação da graça, louvores a Deus em vossos corações; ,(ibid). E pede-lhes que este estilo de vida orante seja transferido para tudo quanto se fizer, por palavra ou por obra: fazei-o em nome do Senhor Jesus e dando por Ele graças a Deus Pai (Col 3,17). Recomendação análoga, na Carta aos Efésios: Enchei-vos do Espírito. Recitai entre vós salmos e hinos… cantando e louvando ao Senhor em vossos corações, dando sempre graças por tudo a Deus Pai, em nome de nosso senhor Jesus Cristo (5,18-50).
Sobressai aqui a dimensão trinitária da oração cristã, segundo o ensinamento e a exortação do Apóstolo. Vê-se também que, segundo o Apóstolo, é o Espírito Santo que estimula àquela oração e a forma no coração do homem. A vida de oração dos Santos, dos místicos, das escolas e correntes de espiritualidade, que se desenvolveu nos séculos cristãos, está na linha da experiência das comunidades primitivas. É nesta linha que se mantém a liturgia da Igreja, como aparece, por exemplo, no Glória in excelsis Deo, quando dizemos: Damo-vos graças, pela vossa imensa glória; assim como no Te Deum, no qual louvamos a Deus e O confessamos Senhor. Nos Prefácios, depois, reaparece o constante convite: Demos graças ao Senhor Nosso Deus, e os fiéis são convidados a dar a resposta de assentimento e de participação: É nosso dever e nossa salvação. Como é belo, por outro lado, repetir com a Igreja orante, no fim de cada Salmo e em tantas outras ocasiões, a breve, densa e esplêndida doxologia do Glória Patri: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo… (João Paulo II LOsservatore Romano de 21/04/91)
Resumo:
‘Ninguém pode dizer: Jesus é Senhor a não ser no espírito Santo (1Cor 12,3). A Igreja nos convida a invocarmos o espírito Santo como o Mestre interior da oração cristã’.
(Catecismo da Igreja Católica)
Dom Eugenio de Araújo Sales
Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro