Perdendo o que Deus nos dá de melhor...

Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia é a da cura de Naamã. Ele sofria da temível lepra e estava muito perto de perder sua oportunidade de curar-se. O que quase o impediu de receber aquilo que Deus nos dá de melhor foi a amargura e ressentimento.

Tornar-se filho de Deus não liberta automaticamente a pessoa de toda amargura e ressentimento que tenha acumulado. Na verdade, a atenção de cultivar a amargura e o ressentimento está sempre presente. Mas nada destruirá mais depressa o potencial, para obter o que Deus nos dá de melhor, para nossa vida do que permitir que a amargura e o ressentimento nos desanimem.

É fácil tornar-se amargo e ressentido, quando fomos injustiçados ou magoados por alguém. Coloque-se no lugar da serva da mulher de Naamã. ‘Os arameus, numa incursão, tinham levado do território de Israel uma moça que ficou a serviço da mulher de Naamã’ (2Rs 5,2).

Essa jovem fora seqüestrada de sua família pelo exército sírio. Em seguida tornaram-na escrava da mulher do homem responsável pelo seqüestro. Quando ela soube que Naamã era leproso, poderia facilmente justificar sua desventura, dizendo: ‘Deus o está castigando pelo que fez comigo. Obrigado, meu Deus’. Em vez, disse à mulher de Naamã: ‘Bastaria meu amo se apresentar ao profeta de Samaria. Ele o livraria da lepra’ (2Rs 5,3). Ela se preocupava sinceramente com o homem que era responsável pelo seu cativeiro. Vencera a amargura e o rancor.

Podemos também nos tornar amargos e ressentidos, quando desapontados em nossas expectativas. Naamã era altamente respeitado e um valente guerreiro.
Como capitão do exército sírio levara seus homens a vitória sobre Israel. Mas, Naamã ficara leproso.

Naquele tempo, a lepra era não só física, como também um problema social. Seria provavelmente comparada com a AIDS pelos padrões de hoje. Os leprosos eram obrigados a se afastarem da sociedade, da família, do trabalho, de todos os que conheciam e amavam. Naamã estava a ponto de viver uma importante transformação em sua vida confortável.

Ouviu falar, então, no profeta que viajava para a Samaria. Quando ali chegou em sua carreta, Elias não o encontrou pessoalmente, mas enviou-lhe uma mensagem: ‘Vai lavar-te no Jordão sete vezes… e ficarás limpo’ (2Rs 5,10). Naamã ficou furioso. Era um homem importante, cheio de dignidade. Detinha elevada posição. Garantira a vitória sobre Israel. Esperava ser tratado à altura.

Todos nós temos expectativas nesta vida. Quando as coisas não se passam como desejaríamos, perguntamos a Deus: ‘Por que?’ Amargura e ressentimento podem brotar no nosso íntimo, levando-nos a perder aquilo que Deus tem de melhor para nós. E isso destruirá nossa vida. O apóstolo Paulo nos adverte: ‘Toda amargura e exaltação e cólera… sejam afastadas de vós’ (Ef 4,31). Hebreus 12,15 diz: ‘…vigiando atentamente para que ninguém seja faltoso… Nem haja raiz alguma de amargura que, brotando, vos perturbem e, por meio dela, muitos sejam contaminados’. Que Deus aniquile a raiz da amargura e do ressentimento, antes que produzam frutos.

A segunda coisa que nos levará a perder o que Deus tem de melhor para as nossas vidas, é permitir que as circunstâncias se tornem maiores do que Deus. Nossa vida não deve ser regida pelas circunstância, e nós não devemos ignorá-las. Focalizemos aquele que nos leva a triunfar, não as circunstâncias. ‘Mas, em tudo isto somos mais que vencedores, graças aquele que nos ama’ ( Rm 8,37 ).

Se quisermos perder aquilo que Deus tem para nós de melhor, o meio mais fácil é focalizar as circunstâncias e não a grandeza de Deus.

A terceira coisa que nos levará a perder o melhor que Deus tem para nós, são as idéias preconcebidas. Naamã tinha uma idéia preconcebida a respeito de como sua cura se processaria. Quando não aconteceu como ele pensava. ‘Naamã, irritado, retirou-se dizendo: Eu pensava comigo: Certamente ele sairá e se apresentará pessoalmente ‘ (2Rs 5,11).

Quase todos nós tendemos a imaginar como deve ser alguma coisa e depois, rezamos para que aquilo aconteça. Mas, Deus talvez responda à nossa prece de modo totalmente diverso.

Precisamos estar abertos àquilo que Jesus quer que façamos. Não percamos o que Deus está realizando, por não gostarmos da aparência da coisa. O que Deus quer na vida de uma pessoa, talvez seja diferente daquilo que ele realiza na de outra. Ele fala em Isaias 55,8: ‘Com efeito, os meus pensamentos não são os vossos pensamentos’.

A quarta coisa que nos levara a perder o que Deus nos quer dar de melhor, é um espírito crítico. Romanos 14,13 diz: ‘Deixemos, portanto, de nos julgarmos uns aos outros’. Quando o profeta não fez o que Naamã dele esperava, passou a criticar, perguntando: ‘Porventura os rios de Damasco, o Abama e o Farfar, não valem mais do que todas as águas de Israel? Não poderia eu lavar-me nelas para ficar purificado?’ (2Rs 5,12). Mas, Deus havia dito que ele mergulhasse no rio Jordão.

Naamã poderia ter mergulhado 370 vezes nas águas mais límpidas de Damasco, mas continuaria leproso. É tão fácil criticar aqueles com quem não concordamos. O espírito crítico destrói a pessoa e todos os que a rodeiam. É importante partilhar preocupações, mas há uma diferença entre discordar e criticar.

A quinta coisa que nos impedirá de viver o que Deus tem de melhor para nós, é dizer comparações insensatas. 2 Coríntios 10,12 diz: ‘Medindo -se a si mesmos segundo a sua medida e comparando-se a si mesmos’. Naamã comparou os rios de Damasco às águas do Jordão. Deus tem um modo singular de tratar com cada um de nós. Cada qual recebe um chamado em sua vida, recebendo diferentes dons, talentos e capacidades. Sejamos quem Deus nos fez e desenvolvamos nosso relacionamento com o Senhor. Aprendamos a ouvir sua voz e não comparar nossos dons e ministérios com os dos outros.

A sexta coisa que nos impedirá de viver o melhor que Deus tem a nos dar, é a falta de obediência. ‘Se estiverdes dispostos a ouvir, comereis o fruto precioso da terra’ (Is 1,19). A unção só chega, quando oramos e obedecemos. A obediência é quase uma doutrina perdida no Corpo de Cristo. Se Naamã tivesse mergulhado no Jordão somente três, ou quatro, ou mesmo seis e meia vezes não ficaria curado. Mas, quando obedeceu e mergulhou na água sete vezes, ficou limpo e íntegro.

A amargura e o ressentimento, focalizando as circunstâncias, as idéias preconcebidas, a desobediência, a comparação com os outros e um espírito crítico, tudo isto prejudica o que Deus deseja realizar em nossa vida. Aprendamos a vencer em todas essas áreas, para podermos receber aquilo que Deus tem de melhor a nos dar.

Dan Sneed
Revista Jesus Vive e é o Senhor