No início do século XIX, por volta do ano de 1809, quando a região da atual cidade de Cataguases, no estado de Minas Gerais, era conhecida como “Porto dos Diamantes”, devido a notícias da existência de ouro e diamantes num pequeno riacho que banhava a localidade, a Igreja Católica iniciou o seu trabalho de catequese dos primeiros habitantes.
Foi o Alferes Henriques José de Azevedo, exercendo autoridade na região e dono das terras do povoado, quem doou, através de escritura lavrada em 26 de maio de 1828, o terreno onde hoje se encontra a Praça e o Santuário de Santa Rita de Cássia, para ali ser edificada uma capela sob a invocação dessa Santa.
Ali foi construída uma tosca capela, coberta de sapé, onde os sacerdotes ministravam os sacramentos da fé católica aos primeiros fiéis. O Padre Marcelino Rodrigues Ferreira, em 1832, propôs a elevação da capela à condição de paróquia, que veio a ser criada pela Lei Mineira nº 534 de 10 de outubro de 1851, tendo sido seu primeiro pároco o Padre Casimiro Rodrigues de Oliveira.
A capela era modesta e pequena, e com o correr do tempo foi sofrendo diversas reformas e ampliações, para atender ao número sempre crescente de fiéis.
Em 1894, houve a idéia de transformá-la em um belo templo com a arquitetura de Augusto Rousseau. Em 1907, como o edifício do templo apresentava abalos em sua estrutura, houve necessidade de obras para a sua recuperação, feita pelo então vigário da Paróquia, Monsenhor Dr. Luiz Pereira Gonçalves de Araújo e com a adesão de toda a população. Em 1909, a Igreja estava totalmente reconstruída e remodelada, ganhando nova feição arquitetônica, seguindo o estilo europeu gótico, com telhado francês vertical. Era linda pelas linhas, harmoniosa pelas formas e um verdadeiro orgulho para todos os habitantes de Cataguases.
No dia 27 de abril de 1941, chegava à Paróquia de Santa Rita de Cássia o padre Solindo José da Cunha, Um ano após sua chegada a Cataguases, ou seja, em 1942, pressentiu o estado precário em que se encontrava a igreja, já com 91 anos, embora tivesse passado pelas profundas reformas no ano de 1909.
A igreja encontrava-se com as estruturas abaladas e com diversas fendas na parede, pondo em risco os fiéis; sua torre já mostrava uma pequena inclinação em direção ao Colégio do Carmo. O amor que os cataguasenses católicos tinham pela sua bela igreja foi um obstáculo que Monsenhor Solindo encontrou para a demolição da mesma e construção de uma nova matriz.
Projetada pelo arquiteto Dr. Edgar Guimarães do Vale, a pedra fundamental da nova igreja foi finalmente lançada em 1944, cujas obras começaram em 1948 e tiveram a inauguração de sua primeira parte em 1952, ficando totalmente pronta em 1968. Quem a examina se sente tomado pela grandiosidade de suas linhas, mostrando sua ousada nave central que se vai erguendo, a partir do altar-mor, como uma grande trombeta ligeiramente inclinada, voltada para o enorme ângulo formado pelos pórticos exteriores.
A igreja tem 18 metros de largura por 60 metros de fundos, e sua torre se projeto para o céu a uma altura de 30 metros.
Pela sua originalidade de concepção e beleza arquitetônica, figura entre as construções de vanguarda da cidade e da região. Há a destacar, como detalhe importante, a imensa nave livre, isto é, o corpo central do templo sem nenhuma coluna. Existe, também, na parte externa frontal, o famoso mural que simboliza a vida de Santa Rita de Cássia, obra de autoria da consagrada artista brasileira Djanira.
Após sofrer algumas reformas em 1995 para a correção de problemas de infiltração que comprometiam a sua estrutura, com a colocação de placas de lama asfáltica em toda a sua cobertura, e também a substituição de toda a instalação elétrica e iluminação interna e externa, sendo pároco o padre José Carlos Ferreira Leite, a Igreja Matriz foi transformada em Santuário Diocesano de Santa Rita de Cássia, realizando um antigo sonho acalentado pelo saudoso Monsenhor Solindo. A sagração do Santuário foi realizada pelo Bispo Diocesano Dom Ricardo Chaves Pinto Filho no dia 07 de julho de 1996.
O Santuário apresenta em suas paredes internas o trabalho da artista cataguasense Nanzita, retratando com linhas expressionistas e fauvistas a Via Crucis de Jesus Cristo, inspirada no livro de Pierre Barbet “A Paixão de Jesus Cristo Segundo o Cirurgião”.