1- Eminência, a que fatores o senhor atribui o número de Beatificações e Canonizações realizadas no Pontificado do Papa João Paulo II?
João Paulo II bateu o recorde de canonizações e beatificações. Ele beatificou e canonizou 1.722, entre santos e beatos. Isto se deve ao fato de o Papa João Paulo II ter valorizado sempre, desde o início de seu pontificado, a santidade cristã. Os santos para ele são os grandes heróis da Igreja e da humanidade. Os Santos são para o Papa as pegadas de Deus e da sua ação na história. São a melhor apologia do cristianismo. Por isso, explica-se muito bem porque o Papa partindo desta sua convicção muito profunda, tem feito tantas beatificações e canonizações. Durante este ano, vai fazer mais beatificações e canonizações, 5 no dia 14 de abril e depois 9 canonizações. O número aumentará ainda mais.
A grande importância para o Papa é a santidade para a Igreja, porque a Igreja é Santa e a finalidade dela é a santidade do povo de Deus. No ‘Novo Millenium Ineunte’, toda a pastoral da Igreja é programada tendo em vista a santidade. O papel dos bispos é justamente este, diz o Papa: ‘Convidar os cristãos a serem santos’. Por isso, a santidade está no centro do programa de pastoral de JPII.
2- Qual a importância das canonizações para a mundo atual?
Tem importância extraordinária para o mundo atual para o homem de hoje, daquele homem que encontramos todos os dias no caminho da nossa vida. O homem atual não tem modelos válidos. Ora, o Papa parte deste princípio que, a Igreja tem grande responsabilidade de apresentar ao mundo de hoje modelos válidos de humanidade e santidade. Beatificando um servo de Deus, o Papa propõe o novo beato ao povo de Deus a que ele pertence, a Igreja local a que ele pertence. E canonizando um beato o Papa propõe à Igreja Universal, o novo santo como modelo.
Os santos são para o Papa, modelo de santidade, mas antes, primeiramente, são modelos de humanidade. Para mim, a santidade é a plenitude da humanidade e não são realidades opostas. Se uma pessoa não for realmente homem não pode ser santo. Os santos são os homens que chegaram à plenitude de sua humanidade. Dizemos que Cristo é o homem perfeito porque Ele é a própria santidade encarnada. Homem perfeito porque é o santo mais perfeito e é santo porque é homem. Portanto, não devemos distinguir essa classificação entre santidade e humanidade. O santo é o homem que chegou à plenitude da sua humanidade.
3- Gostaríamos de encerrar esta entrevista com as suas palavras sobre a pessoa de JPII.
O Papa João Paulo II é certamente uma figura extraordinária, uma figura sólida, uma personalidade muitíssimo rica. Como cristão, como padre, como Papa é um modelo que deve ser imitado por todos nós. É um homem de uma fé profunda, à toda prova. Se, é verdade que o justo vive de fé este realmente é o nosso querido Papa João Paulo II.
Um homem de esperança, um Papa missionário, um apóstolo, o apóstolo do povo. Ele procura todo o mundo para evangelizar. Não são viagens de turismo, mas são realmente viagens apostólicas. Um homem de fé, esperança, é o Papa que hoje nós precisamos tanto. O homem de hoje e a Igreja de hoje vão precisar muito, nos próximos anos, do ministério rico de João Paulo II, da sua fé, personalidade e esperança. Por isso, o Senhor o conserve ainda por muitos anos.
Cardeal José Saraiva Martins
Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos