O medo nos paralisa e implode, perturba a alma; por isso é importante enfrentá-lo
O medo da desgraça é pior do que a desgraça. O medo de sofrer é pior do que o sofrimento. É natural ter medo, é algo humano, mas devemos enfrentá-lo para que ele não paralise a nossa vida. Há muitas formas de medo: temos medo do futuro incerto, da doença, da morte, do desemprego, do mundo… O medo nos paralisa e nos implode, perturba a alma; por isso é importante enfrentá-lo. Talvez seja ele uma das piores realidades de nossos dias.
Foto: Daniel Mafra / cancaonova.com
Coragem não é ausência do medo, mas a capacidade de alcançar metas apesar do medo, caminhar e enfrentar as adversidades. É isso que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, entregar-nos por causa desse sentimento [medo].
A maioria das coisas que tememos acontecer conosco acabam acontecendo. Esse medo antecipado nos faz sofrer muito, preocupa-nos em demasia e nos faz perder horas de sono. Muitas vezes, acaba acontecendo o que menos esperamos. Como me disse um amigo: “Não podemos sangrar antes do tiro!”.
É preciso policiar a nossa mente, pois ela solta a si mesma e pode fabricar fantasmas assustadores, especialmente nas madrugadas. Os medos em geral são sombras imaginárias sem bases na realidade.
Cuidado com as aflições imaginárias
Há pessoas que se sentem ameaçadas por tudo e por todos: “Fulano não gosta de mim, veja como me olha!” Ou: “Sicrano me persegue; todos conjuram contra mim, meu trabalho não vai dar certo…” E assim vão dramatizando os fatos e fabricando tragédias.
É preciso acordar, deixar de se torturar com essas fantasias e pesadelos imaginários; o que assusta é irreal. Quando amanhece, as trevas somem. Para onde foram? Não foram para lugar nenhum, simplesmente desapareceram, porque não existiram, não eram reais. Quanto menor o medo, menor o perigo. As aflições imaginárias doem tanto quanto as outras.
Quando Jesus chamou Pedro para vir ao encontro d’Ele, andando sobre as águas do mar da Galileia, ele foi, mas permitiu que o medo tomasse conta do seu coração; então, começou a afundar. Após salvá-lo, Jesus lhe perguntou: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 15,31).
Confiar em Deus é essencial para superar o medo
Pedro sentiu medo, porque olhou para o vento e para a fúria do mar em vez de manter os olhos fixos em Jesus. Esse também é o nosso grande erro, em vez de mantermos os olhos fixos em Deus, permitimos que as circunstâncias que nos envolvem nos amedrontem.
Não podemos, em hipótese nenhuma, abrigar o medo e o pânico na alma, não podemos permitir que “durmam” conosco. Não! Temos de arrancá-los pela fé, pela oração e por um ato de vontade decididamente.
É claro que toda fé em Deus não nos dispensa de fazer a nossa parte. Não basta rezar e confiar, cruzando em seguida os braços; o Senhor não fará a nossa parte. Ele está pronto a mover todo o céu para fazer aquilo que não podemos fazer, mas não faz nada que podemos fazer. Vivemos dizendo a Deus que temos confiança n’Ele, mas passamos o tempo todo provando o contrário, por nossas preocupações.
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Quando agimos com fé e confiança em Deus, Ele nos dá equilíbrio e luz para agirmos, guiando-nos e abrindo portas para resolvermos o problema que nos angustia. Se tivermos um problema, é porque ele terá solução, então teremos de resolvê-os; se o problema não tiver solução, então não será mais um problema, mas um fato consumado que devemos aceitar.
Em vez de ficarmos pensando em nossas fraquezas, deficiências, problemas e fracassos, reais ou imaginários, pensemos como o salmista: “ O Senhor é a minha luz e a minha salvação. A quem temerei?” (Sl 26,1).