Quando eu era apenas um menino, meu sonho era encontrar o gênio da lâmpada mágica para que ele realizasse as minhas vontades, mesmo sabendo que teria apenas três desejos. Mas, se existisse um gênio que realizasse tais coisas, por que razão ele colocaria a condição de atender apenas três desejos, conforme indica a fábula? Qual seria a diferença entre vontade e desejo?
De acordo com a definição do dicionário Houaiss, um dos significados da palavra “vontade” é a “força interior que impulsiona o indivíduo a realizar algo, atingir seus fins”. Enquanto que o significado de “desejo” é “aspiração diante de algo que corresponda ao esperado”. À primeira vista, as palavras seriam sinônimas, mas trazem em si objetivos diferentes.
Ouvimos muitas pessoas dizerem que, em toda sua vida, nunca tiveram seus sonhos realizados. Que a vontade delas sempre ficou em segundo plano, parece que nunca tiveram sorte na vida nem conheceram o significado da palavra felicidade. Há também aquelas pessoas que acreditam que os astros criaram um verdadeiro complô contra elas. Assim, muitas outras justificativas poderiam ser apresentadas como razão para suas frustrações.
Quem não gostaria de se tornar um milionário na loteria? No entanto, a maioria das pessoas não se empenha para isso, pois, raramente, fazem suas apostas. Outras têm vontade de ter um bom emprego, com ótima remuneração, mas pouco fazem para a concretização de seus sonhos.
Quando acontece alguma coisa interessante, é comum as pessoas dizerem que “juntou-se a vontade de comer com o desejo”. Por meio desse dito popular, fica fácil perceber que a vontade se tornou realidade quando se criou oportunidades para viver o que foi antes desejado.
Tomando outro ditado como exemplo – “vontade é uma coisa que dá e passa” –, podemos perceber que, nessa circunstância, faltou empenho da parte da pessoa para a realização daquilo que era sua aspiração. Então, podemos entender que a realização da nossa vontade está diretamente relacionada às atitudes que deveremos empreender para alcançar aquilo que é do nosso desejo. A partir dessa reflexão, precisamos estar atentos às diferentes vontades que alimentamos, pois nenhum de nós está imune a ter vontades que, em nada, contribuem com a vida que procuramos levar. Se não estivermos vigilantes, poderemos nos empenhar, avidamente, para a realização de algo que poderia ser a ruína da nossa vida.
É claro que, como em todos os nossos desejos, o prazer e a satisfação são as compensações para os esforços empreendidos. Mas muitos desses desejos podem se tornar compulsivos, fazendo com que a pessoa se torne escrava de suas próprias vontades.
Diante dessas situações, podemos entender que não cabe a Deus a tarefa de tirar do nosso coração os desejos que nos levam a cair. Fica a nosso encargo a obrigação de não criarmos meios para a realização daquilo que poderia trazer desordem aos nossos sentimentos ou confusão à nossa razão.
Um abraço,