O tempo da Quaresma é propício para meditarmos sobre o processo de conversão
A Quaresma é o caminho de conversão até a novidade do Reino. Nesse tempo, ressoa aquele primeiro grito de Jesus: “Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo!”.
Quando nos convertemos e abrimos os olhos para a novidade do Reino, descobrimos que verdadeiramente Jesus nos situa em uma nova realidade. Nada a ver com o que antes vivíamos, nem com aquilo que nos haviam ensinado. Jesus nos conduz por caminhos novos de amor e misericórdia. Essa novidade está claramente assinalada na primeira leitura do quinto domingo da Quaresma, do texto de Isaías. Para aqueles judeus que conheciam bem o deserto, porque o tinham muito perto de casa, a comparação era facilmente compreensível. No entanto, por outro lado, com toda certeza poderia haver, entre seus ouvintes, alguém dizendo: “Isso é impossível! Ninguém pode fazer brotar rios em regiões desérticas. Ninguém pode fazer o deserto transformar-se em um jardim”. Mas isso é exatamente o que diz Isaías. Deus o fará com o único objetivo de aplacar a sede de Seu povo. Deus faz com que o impossível seja possível, Ele faz brotar o perdão em meio ao ódio.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Sociedade justa e fraterna
As pessoas anseiam por uma sociedade justa e fraterna. Esse anseio coincide com o projeto de Deus. Por isso, Javé jamais deixou de propor libertação e vida nova ao povo e, a cada queda deste, anuncia um novo êxodo e convida a sair da opressão.
Leia mais:
:: A Quaresma deve nos levar à conversão, penitência e misericórdia
:: Cuidado com as penitências absurdas na Quaresma
:: A Quaresma vivida como tempo forte da Misericórdia
:: Exercícios quaresmais de conversão
As estruturas sociais ou religiosas criadas por nós nunca conseguirão dar liberdade e vida a todos, se não estiverem sintonizadas com o projeto de Deus. Por isso, Jesus desmascara a falsa justiça dos doutores da Lei e fariseus, fazendo-os passar de juízes dos outros a réus que necessitam de conversão. Todos os que aderem a Jesus passarão da opressão à liberdade. Essa passagem é um processo contínuo que o cristão assume como projeto de vida. Em meio aos sofrimentos e riscos, ele vai se configurando a Cristo, para obter do Pai o prêmio.
Que possamos aproveitar esse tempo especial da Quaresma para meditarmos sobre tudo isso e, espontaneamente, por adesão à mensagem de Jesus, possamos construir um processo de conversão em nossas vidas, o que será benéfico para aqueles que convivem conosco, mas será melhor ainda para nós mesmos.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)