Quando José quis deixar a Virgem Maria, no silêncio da discrição de sua santidade, Jesus mandou que, imediatamente, o Arcanjo da Anunciação, São Gabriel, logo lhe dissesse em sonho: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por tua esposa, porque o que nela foi gerado é obra do Espírito Santo” (Mt 1, 20). E a José coube a honra de dar-lhe o nome de Jesus no dia de Sua circuncisão (Mt 1, 21).
Jesus viveu à sombra protetora do grande São José na vila de Nazaré e na carpintaria do grande santo. O povo O chamava de “o filho do carpinteiro”. José O protegeu da fúria de Herodes; levou-O seguro para o Egito, manteve-O no exílio e O trouxe de volta seguro para Nazaré. Depois, partiu deste mundo nos braços de Jesus quando terminou a sua missão terrena. A Igreja o declarou “protetor da boa morte”.
Ora, se até Jesus quis e precisou de um pai, neste mundo, o que dizer de cada um de nós? Só quem não teve um pai ou um bom pai deixa de saber o seu valor. Ainda hoje, com 57 anos de idade, lembro-me, com saudade e carinho, do meu pai. Quanta sabedoria! Quanta bondade! Quanta pureza! Quanto amor à minha mãe e aos seus nove filhos! Ainda hoje, com saudade e alegria, lembro-me de seus conselhos sábios.
O pai é a primeira imagem que o filho tem de Deus, por isso Ele nos deu a honra de sermos chamados “pais”; pois toda paternidade vem do próprio Senhor. Muitos homens e mulheres não têm uma visão correta e amorosa de Deus, porque não puderam experimentar o amor de seus pais; muitos foram abandonados e outros ficaram órfãos.
O pior de tudo é a ausência dos pais na vida dos chamados “órfãos de pais vivos”; e são muitíssimos. Muitos e muitos rapazes têm gerado seus filhos sem o menor amor, compromisso e responsabilidade, buscando apenas o prazer sexual de suas relações com uma moça; a qual é logo abandonada, vergonhosamente, deixando que ela “se vire” para criar o seu filho como puder.
Quase sempre essas crianças são criadas com grandes dificuldades. O peso de sua manutenção e educação é dividido quase sempre com a mãe solteira que se mata de trabalhar e com os avós que, quando existem, fazem o possível para ajudar.
Não é à toa que mais de 90% dos presidiários são jovens entre 18 e 25 anos. É verdade que muitos deles tiveram um pai a seu lado, mas também é verdade que muitos não conheceram este homem que os deveria ter criado. Normalmente, um filho que tem um bom pai, amoroso, trabalhador, dedicado aos filhos e à esposa, não se perde nos maus caminhos deste mundo.
Isso tudo é lamentável, como constatou o Papa João Paulo II em sua última viagem ao Brasil em 1997. Falando aos jovens no Maracanã, ele disse que, por causa do “amor livre”, “no Brasil há milhares de filhos órfãos de pais vivos”. Que vergonha e que dor para todos nós! Quantas crianças com o futuro comprometido, porque foram gerados sem amor e abandonados tristemente.
Sem um pai que eduque seu filho, a criança não pode crescer com sabedoria, fé, respeito aos outros, amor ao trabalho e à virtude. Deixar uma criança sem pai, estando este vivo, é das maiores covardias que se pode perpetrar contra o ser humano inocente que é a criança.
Hoje, infelizmente, com o advento da inseminação artificial e clínicas de fertilização, há uma geração de jovens que não conhecem seus pais, pois muitos foram gerados por um óvulo inseminado artificialmente pelo sêmen de um homem anônimo. Esses jovens não conhecem a metade de sua história e não têm uma verdadeira família. Como será o futuro desta geração de jovens? Não é à toa que a Igreja católica é contra a inseminação “in vitro”.