Dizem que, se você quiser conhecer o coração de uma pessoa, ouça o que ela diz quando ela sabe que vai morrer. O tempo é breve. Não há tempo para coisas sem importância. As pessoas falam sobre o que está em suas mentes, coisas que têm significado para elas.
Durante a Última Ceia, Jesus tinha apenas poucas e preciosas horas para ficar com seus discípulos. A jornada de três anos juntos estava chegando o fim, e o pequeno grupo estava para se desintegrar com a morte de seu líder. Certamente, havia muitas coisas que Jesus poderia ter conversado com seus discípulos. Ele poderia ter ensinado diversas maneiras de realizar curas ou expulsar demônios. Ele poderia ter usado estas últimas horas para ajudar os apóstolos a organizarem a Igreja nascente. Jesus poderia ter ensinado como eles deveriam debater com os fariseus. Certamente, todas estas coisas eram importantes. No entanto, Jesus não falou de nenhuma delas. Ele usou esta última refeição com seus amigos para falar sobre algo mais básico, algo muito mais importante… ‘Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor‘.
O amor era a prioridade do Mestre. Ele lhes disse que o maior mandamento de todos era amar a Deus, e o segundo mandamento mais importante era amar o seu próximo. Sabia que, se seus discípulos conseguissem viver esta virtude mais básica, embora difícil, tudo o mais viria a seu tempo. Por outro lado, se a Igreja não conseguisse amar, nada do que fizesse teria valor.
O amor é de Deus. Vem de seu próprio coração. É a essência do que Ele é. Toda a ação e Deus vem do amor. Se quisermos seriamente estar próximos de Deus, devemos nos aproximar do amor. A Igreja, e o cristão individualmente, vai sendo transformado à semelhança de Deus. Se o amor é Deus, então em amor devemos nos tornar.
Amor é uma busca universal de toda a raça humana. Somos criados para necessitarmos dele e só nos realizamos quando o possuímos, somos transformados por ele e, por nossa vez, passamos para os utros. Um ser humano não é totalmente uma pessoa humana sem esta virtude operando em sua vida. Amar a Deus e aos outros é a única forma de encontrar a realização de nosso destino humano.
Assim como todos nós precisamos de amor, também acontece que podemos ser iludidos. Confundimos atração, luxúria, necessidade de atenção ou segurança, e ficamos desapontados quando descobrimos que construímos nossas vidas naquilo que não era amor de modo algum mas, apenas num sentimento falso. A virtude autêntica do amor é descrita por Paulo na sua Primeira Carta ao Coríntios: ‘O amor é paciente e bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará‘.
Podemos ver, pela descrição de Paulo, que o amor é mais do que um lance emocional. É mais forte do que um rompante de sentimento. É mais profundo do que um interesse superficial. É comprometido, forte, deliberado e perseverante. Tem as qualidades de Deus. Quando o amor, o verdadeiro amor de Deus, toca uma pessoa… a mudança é surpreendente. São muitos os pecadores que, tocados pelo amor de Deus, foram transformados em santos. São legiões de quebrantados, feridos e necessitados que foram curados pelo amor delicado, porém poderoso, de Deus.
A brecha foi fechada, o vazio no coração e no espírito humano foi preenchido. Todo o verdadeiro seguidor do Mestre deve abraçar, ou antes, ser abraçado por esta realidade. Assim com Jesus advertiu a Pedro que, a menos que ele permitisse que o Cristo lavasse seus pés ele não teria parte com Ele, aqueles que recusam permitir que o Mestre os lave em seu amor não poderão permanecer com Ele.
No entanto, para muitos de nós, há obstáculos em receber este Dom do amor. Algumas pessoas sentem que não são dignas de amor. Outras custam a admitir que precisam de amor. Ainda outras se satisfazem com um pseudo amor e nem estão interessadas em receber o verdadeiro dom.
Mas, o amor de Deus por nós é forte. Vence todos os obstáculos. Silencia todas as objeções. Acalma todas as rebeliões. Temos que apenas clamar pelo Divino Amor, admitindo que temos necessidade dele, para que venha e inunde o espírito humano. Entretanto, receber o Divino amor não é ainda a realização plena. Devemos nos entregar às inspirações e às ações do Amor. Permitir que Deus transforme o que precisa ser transformado, arranque o que precisa ser removido, cure o que precisa ser curado e instrua o que mais precisa ser ensinado. Deixe que o Amor seja eficaz em você!
Mesmo a transformação não é o fim da jornada do amor. Desde que ele tenha jorrado do coração de Deus e transformado você, ele deve agora fluir para os outros. Não fique desencorajado pela inabilidade de amar outras pessoas. Em vez disso, confie no poder do divino amor, confessando sua fraqueza ao Amante das Almas. Peça a Deus que Ele venha amar os outros através de você, pois você não é capaz de fazê lo sozinho.
Deus aprecia uma oração assim, honesta e humilde. Certamente, vai respondê lo sem demora, derramando um amor tão terno pelos outros (o Seu amor pelas pessoas) dentro de você, até que seu coração não vai conseguir contê lo e vai explodir, derramando – o na pessoa que precisa desta inundação da Divina Graça.
Esta forma é segura. Primeiro, devemos nos entregar ao Amor, sermos transformados pelo Amor e, então, partilhar o Amor. Realizando isto, estaremos nos colocando no rio de Amor, que flui sem cessar do coração de Deus, levando nos neste rio à pessoa que, como nós, precisa do toque de Deus. Que muitos corações recebam este Amor Divino através de você. E que você se alegre ao sentir esta ação de Deus em seu coração.