A Campanha da fraternidade se insere no contexto da Quaresma desde a década de 60, aqui no Brasil. Na verdade, o sopro do Espirito conduz a Igreja para uma conversão não só no sentido vertical (de baixo para cima). Não existe conversão que nos leve a amar a Deus e nos deixe na indiferença para com o nosso irmão, daí a necessidade da dimensão horizontal em nosso processo para mudar de vida. Afinal, tudo que o que fizermos ou deixarmos de fazer para o nosso próximo nos será cobrado no juízo final (Mt 25, 31-46).
Muitos cristãos podem cair na tentação da indiferença em relação á Campanha da Fraternidade deste ano, que trata da causa indígena. Apesar de serem os primeiros habitantes desta terra, os índios praticamente só conheceram tragédias e sofrimentos com a chegada dos colonizadores brancos no Brasil. Um povo dizimado, massacrado, cujo reflexo é a marginalização de todo processo de desenvolvimento econômico, político e até religioso da nossa nação. Não existe espaço digno e justo para a manifestação da cultura indígena. No imaginário de muitos brasileiros, eles são um povo selvagem, pré-histórico e pior, sem cultura.
O desrespeito e a indiferença geram preconceitos e atitudes intolerantes em relação aos indígenas. O fato é que nenhuma política social adotada nestes 500 anos de história, favoreceu a demarcação de terra deles. O que vemos é a concentração de grandes latifúndios nas mãos de poucos e praticamente nada para este povo. Deus Pai de todos os povos, raças e nações entristece-Se com a situação deplorável e angustiante dos seus filhos. Como irmãos e irmãs deles, somos convidados a sair de nossa situação cômoda e termos uma atitude cristã diante da realidade.
Por isto ninguém pode ficar de fora. O problema é de todos. Alguém pode até dizer: Em minha cidade ou região, nem sequer tem índios. Contudo, ninguém pode deixar de ser solidário e menos ainda fraterno. Quase nenhum de nós conhece a história dos povos indígenas e interessarmo-nos por esta história constituí um primeiro passo para rompermos com a indiferença. O Estatuto dos povos indígenas espera há mais de 12 anos para ser aprovado e nem sequer foi votado ou apreciado, por isso não deixe de assinar esta causa em sua paróquia.
No Domingo de Ramos será realizada em todas as nossas comunidades a COLETA DA SOLIDARIEDADE, você precisa contribuir e motivar outros a fazer o mesmo, pois os fundos arrecadados desta coleta serão empregados em favor das necessidades dos nossos irmãos indígenas. Não posso deixar de reforçar a oração profunda e sincera em favor desta realidade, numa atitude de solidariedade e fraternidade em favor de todos os que são excluídos de nossa sociedade. Podemos então crer que nossa conversão tomará um rumo em direção ao céu.