“Querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. Ora, se faço aquilo que não quero, já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim (…). Infeliz que sou!” (Rm 7, 18b-20.24a).
Como nos atesta a afirmação de São Paulo, a condição humana é marcada por uma profunda experiência de contradição inerente à sua fragilidade e inclinação ao mal.
Somos, de fato, seres fragmentados, machucados pela contradição presente no finito. Contudo, trazemos em nós uma alta vocação: “a de transcendermos nossa própria fraqueza através da experiência do Amor”.
O mal é realidade real e presente em nós. E por vezes ele desperta com uma força desestruturante, tendo como única missão nos aprisionar e destruir. No entanto, não podemos permitir que este nos encarcere em sua mesquinhez, pois, fomos criados para ser mais do que qualquer escravidão material ou instintiva.
Por mais que o mal/pecado grite forte em nós, ele não tem o poder de determinar definitivamente aquilo que seremos. Não podemos ceder às suas sugestões e seduções; ao contrário, é necessário sempre acreditar na força de vida e de superação depositada em nós.
A verdadeira felicidade – aquela que preenche o vazio da alma – não está no pecado e na satisfação de nossas más inclinações, por mais que estes nos proporcionem um momentâneo prazer. A autêntica realização humana consiste no fato de correspondermos à vocação que nos foi confiada por Aquele que nos criou, pautando nossa vida e escolhas segundo os ditames de tal Eleição.
Somente o Amor pode verdadeiramente nos plenificar. Se assim não o for, o que se manifestará em nós será apenas um acúmulo de ilusões e irreais fantasias acerca do que seja a felicidade.
É unicamente por meio do cultivo de uma sincera obediência e profunda relação com o Eterno, que entrou no tempo, que nosso ser se completará e se tornará aquilo que verdadeiramente é em sua essência.
É preciso nunca ceder sob o peso da própria fragilidade e, mesmo nas quedas, é necessário lutar para não se tornar escravo das próprias carências e fraquezas.
Busquemos sempre – com coragem e esperança – aquilo que nos eleva e constrói em relação à dignidade que recebemos, e nunca desistamos de lutar para alcançarmos uma real correspondência a esta. Somente assim nos confiaremos com inteireza Àquele que sabe do que realmente precisamos, e, nos tornaremos mais felizes e encontrados na vida.
Não desistamos nunca de lutar e de acreditar no dom depositado em nós, pois existimos para ser mais… e para experienciarmos a verdadeira alegria!