Viver a espiritualidade mariana é um dos segredos dos santos e santas de Deus
Todos os santos tinham uma grande devoção a Virgem Maria. Sabemos que nossa vocação universal é o chamado à santidade, ou seja, Deus nos quer santos. E, com Maria, seremos aquilo que Ele quer. Por isso é urgente aprender a rezar como Maria e não apenas rezar a Maria cultivando, assim, a espiritualidade mariana.
São Luís Maria Grignion de Montfort, um dos maiores devotos de Nossa Senhora, ensinou: “A quem Deus quer muito santo, o faz muito devoto de Nossa Senhora”. Podemos contemplar essa verdade na vida dos dois santos recentemente canonizados pelo Papa Leão, no último dia 7 de setembro: São Carlo Acutis e São Pier Frassati. Ambos eram profundamente devotos da Virgem Maria.
Assim, entendemos, pelo testemunho dos santos, que o relacionamento com Maria é fundamental nesta caminhada terrena que nos levará ao céu, pois, ao invocá-la como Mãe e Mestra, descobrimos nela um modelo de entrega total a Deus e uma intercessora sempre atenta às nossas necessidades.
Atenção! Não fique apenas na prática devocional
O seu relacionamento com a Virgem Maria não deve se resumir a uma prática devocional, mas a acolhê-la verdadeiramente como Mãe. Padre Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova, deu-lhe um sobrenome carinhoso: “Canção Nova, a Casa de Maria”. Ele nos ensinou que a melhor forma de oração é o nosso relacionamento com a Mãe do Céu. Reconhecer a presença de Maria no nosso dia a dia é abrir o coração para perceber que Ela caminha conosco em todos os ambientes: na porta da casa, na cozinha onde o alimento é preparado, na sala onde partilhamos a vida, no quarto onde descansamos, no lazer que nos alegra e no trabalho que nos santifica.
Maria está presente em toda a nossa vida — de modo discreto, silencioso e amoroso. Quando tomamos consciência dessa presença materna, avançamos na intimidade mariana: passamos a confiar-Lhe as nossas lutas, a confidenciar-Lhe as nossas dores e alegrias, certos de que Ela, como Mãe, cuida de tudo com carinho.
A ação da Santa Virgem, a Mãe de Deus
Sou casada e mãe de duas filhas, e trago em minha história, com serenidade, a dolorosa experiência da perda gestacional de três filhos ainda no início da gravidez. São lembranças marcadas por lágrimas e sofrimento, mas também por um colo muito especial. Assim como um dia Maria foi apressadamente na casa de sua prima Isabel naquele ano da perda gestacional, Maria foi em nosso lar, abraçou-nos e consolou através de pessoas que foram para nossa família “pequena aparição da mãe de Deus”.
Na simplicidade daquela visita, sentimos o cuidado materno e recebemos a bênção do céu. Dias seguintes, fiquei grávida, e a nossa Maria nasceu no dia 24 de maio, dia de Nossa Senhora Auxiliadora. No ano seguinte, fiquei grávida da Mariane, nascida do dia 7 de outubro, dia de Nossa Senhora do Rosário. Na simplicidade e no silêncio onde Maria chega, ela deixa sinal da sua presença.
O tempo vai passando e, com ele, vou aprendendo que viver a espiritualidade mariana é muito mais do que apenas rezar: é imitar as virtudes de Maria e aplicá-las na vida ordinária — na casa que limpo, na louça que lavo, no bolo que preparo, no modo como me visto, no ajudar o próximo, no exercício da paciência, na capacidade de silenciar, na prática da humildade, nas conversas saudáveis que cultivo e, sobretudo, em colocar Deus no centro da minha vida, como Maria fez.
Compreendo que não basta apenas recitar a Ave-Maria, é preciso deixar que o coração dela molde o nosso coração. Seja nas viagens ou nas noites em casa, o Terço não é apenas uma súplica por sua intercessão, mas uma escola de vida cristã: rezando com Maria, aprendo a caminhar com ela, confiando que sua mão materna sempre me conduz ao coração de Jesus. Muitas vezes, durante o dia, faço a seguinte reflexão: O que Maria faria no meu lugar? Como ela resolveria essa situação? Assim vou aprendendo a ser melhor ouvindo o que ela me diz dentro do meu coração.
Nossa Senhora é uma presença discreta, silenciosa e, ao mesmo tempo, concreta em nosso cotidiano
Alimente este amor filial rezando a Maria e como Maria. Treine seu olhar espiritual e veja Nossa Senhora presente em cada detalhe da sua vida. Como Mãe, ela vai falar muitas vezes ao seu coração, conduzindo-o cada vez mais a Jesus.
O segredo dos santos, agora, pode ser seu também: para viver a espiritualidade mariana, abra o coração e assuma, de uma vez por todas, a maternidade espiritual de Maria — inaugurada pelo próprio Jesus na cruz, quando disse: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26).
Com carinho Sônia Venâncio
Filha amada de Nossa Senhora