A morte como início: a visão da fé sobre a vida eterna
Independentemente do tempo ou do lugar, a morte visitará a todos, e, diante desse mistério, podemos nos perguntar: por que é assim?
Papa Bento XVI afirmou em uma catequese dedicada ao Dia de Finados:
“Apesar da morte ser um tema quase proibido na nossa sociedade, e exista a tentativa contínua de tirar da nossa mente nem que seja somente o pensamento da morte, essa está relacionada com cada um de nós, relacionada com o homem de cada tempo e de cada espaço. E diante deste mistério, todos, também inconscientemente, procuramos algo que nos convide a esperar, um sinal que nos dê consolação, que nos abra algum horizonte, que nos ofereça ainda um futuro. A estrada da morte, na realidade, é uma vida de esperança e, percorrer os nossos cemitérios, como também ler aquilo que está escrito sobre as tumbas é cumprir um caminho marcado pela esperança da eternidade.” (Bento XVI 02/11/2011)
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O que parece ser o fim quando nos deparamos com a morte de um ente querido, pela fé, é o começo da vida eterna preparada por Deus para os Seus filhos.
Sufrágio: um ato de amor que transcende a morte
Vejamos, na definição do dicionário litúrgico, o que é sufrágio:
Do latim, suffragium, suffragari, derivado, por sua vez, de frangere (partir, romper), chama-se «sufrágio» às ajudas, custos ou pagamentos que se faziam para com outra pessoa. Também é o nome que se dá ao voto que alguém concede a outra pessoa ou partido. As eleições fazem-se por «sufrágio universal», por exemplo, quando todos têm direito a votar. A seguir, faz-se a «contagem do sufrágio» para fazer a contagem dos votos ou sufrágios e a quem foram atribuídos.
Em sentido cristão e espiritual, dá-se este nome à proteção que se espera da Virgem Maria ou dos Santos. Quando dizemos que, «por intercessão da Virgem», queremos obter uma graça, em latim, diz-se «suffragiis sanctæ Ma¬riæ…». Chama-se «diocese sufragânea» àquela que faz parte de uma arqui¬diocese (província eclesiástica ou metropolitana).
Mas, sobretudo, dá-se o nome de «sufrágio/s» aos atos piedosos que se realizam em favor dos defuntos: por exemplo, celebrar uma Missa em sufrágio de alguém. «A Igreja dos viandantes, desde os primeiros tempos do Cristianismo, venerou com grande piedade a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios [em latim, suffragia] por eles» (LG 50). «A Igreja oferece pelos defuntos o Sacrifício Eucarístico, memorial da Páscoa de Cristo, eleva orações e faz sufrágios por eles, para que, pela comunhão de todos os membros de Cristo, todos aproveitem os frutos da liturgia: auxílio espiritual para os defuntos, consolação e esperança para os que choram a morte» (Ritual das Exéquias 1, in EDREL 1605).
As obras de caridade são um gesto de amor em sufrágio das almas
Papa João Paulo II, no Dia de Finados de 1997, na alocução mariana, disse:
“A tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico… Por conseguinte, recomenda a visita aos cemitérios, o adorno dos sepulcros e o sufrágio, como testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos” (LR, n. 45, de 10/11/91).
Diante da dor e da saudade daqueles que já passaram pela morte, devemos nos unir à Igreja em oração pelos fiéis defuntos, alimentando o coração com a esperança na eternidade onde não haverá dor nem sofrimento.
Saulo Macena– membro da Comunidade Canção Nova desde 2009. Morou por 6 anos na missão Canção Nova na França. Saulo é natural da cidade de Fortaleza (CE). Casado e pai de uma filha. Graduando em Teologia no Centro Universitário Internacional (Uninter) com especialização em teologia da história e comunicação salesiana.