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O verdadeiro jejum: além da abstinência, um caminho de encontro com Deus

A questão do propósito

Se o jejum é interrompido por acidente, é possível retomar no mesmo dia ou apenas no dia seguinte? A questão levantada parece ser a seguinte: se alguém iniciou um jejum e, porventura, o interrompeu involuntariamente ao ingerir algum alimento, seria possível retomá-lo? A resposta é sim. Ressaltando que o importante é que o jejum seja continuado, seja no mesmo dia ou no dia posterior. Deus valoriza as ações realizadas com reta intenção, portanto, se a interrupção do jejum foi involuntária, a pessoa pode retomar o propósito, seja no dia corrente ou no próximo. Deus reconhecerá seu esforço e sacrifício.

Essa situação suscita a questão do sentido do verdadeiro jejum e como devemos encará-lo em nossa vida de fé e oração.

O verdadeiro jejum: além da abstinência, o propósito com Deus

O jejum, prática presente em diversas culturas e religiões, frequentemente é confundido com uma simples dieta, uma mera privação de alimentos por um período determinado. No entanto, o verdadeiro jejum transcende a esfera física e se constitui como uma poderosa ferramenta na busca de uma vida de oração e santificação.

Propósito para controlar os desejos e fortalecer o espírito

O ponto central do jejum reside no propósito que o impulsiona. Não se trata de um ato vazio, de sofrimento gratuito ou de busca por um corpo moldado a padrões estéticos. É, antes de tudo, um ato de renúncia consciente, um domínio sobre os desejos da carne, que visa fortalecer o espírito e abrir espaço para uma conexão mais profunda com Deus.

A terapia da alma

O Papa Bento XVI define o jejum como uma terapia para a alma, um processo de cura que remove os obstáculos que nos impedem de viver plenamente a vontade de Deus. Assim, a privação do alimento físico, ato de despojamento e autodomínio, converte-se em uma abertura para o alimento espiritual. Este alimento é a palavra divina que nutre e sacia a fome mais profunda do ser humano: a sede do encontro com o Criador. É nesse vazio fértil, criado pela renúncia consciente, que a voz de Deus se faz mais clara. Assim, somos conduzidos a um estado de maior intimidade com o sagrado e impulsionando-nos para uma vida de santidade, amor e a compaixão.

Além da abstinência: humildade, compaixão e ação

No entanto, o jejum autêntico transcende a mera abstinência alimentar, exigindo uma profunda transformação interior. É preciso cultivar uma postura de humildade, arrependimento sincero e compaixão genuína. O profeta Isaías, ao confrontar a hipocrisia de um povo que jejuava apenas da boca para fora, revela a essência do verdadeiro jejum: “O jejum que me agrada (…) é romper as cadeias injustas, (…) repartir o pão com o faminto, (…) vestir os nus” (Isaías 58, 6-7). O verdadeiro jejum, portanto, se traduz em ações concretas de amor ao próximo, na luta contra a injustiça e na prática da caridade.

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Assim, o jejum se revela como uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, disciplina e libertação. É um convite à introspecção, ao silenciar das vozes externas para ouvir a voz de Deus que ecoa dentro de nós. É um chamado à mudança, à superação do egoísmo e ao cultivo de uma postura mais generosa e compassiva. Em suma, o jejum, quando realizado com a intenção correta, transcende a privação física e se torna um caminho de encontro com o sagrado e com o nosso eu mais profundo.

Confira nosso infográfico sobre os tipos de jejum.

Tipos de jejum

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Texto – Equipe Formação Canção Nova


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino